O trânsito estava extraordinariamente intenso naquele fim de tarde, quando eu voltava do trabalho. E, claro, o dia foi estressante e agitado. Quando o tráfego parou, revirei os olhos em sinal de frustração.
Mas, quando levantei o olhar, tive uma grande surpresa!
Olhando para cima, vi a mais bela formação de nuvens espalhada pela vasta extensão do céu. E lá estava eu, parada, podendo curtir e apreciar aquele momento, sem interrupções ou problemas.
As sombras, a profundidade e os contornos das formações de nuvens cinzas, prateadas e brancas eram nada menos que de tirar o fôlego. Eu vi nuvens cumulus enormes e ondulantes. Os movimentos de balé que elas faziam eram magníficos. E, enquanto meus olhos percorriam a tela do céu, uma memória que eu não evocava há anos foi desencadeada em minha consciência.
De repente, eu estava de volta no tempo, não tinha nem 10 anos ainda. Eu estava deitada na grama fresca do nosso quintal com meus amiguinhos da vizinhança, olhando para as nuvens e falando sobre as imagens que víamos no céu. Às vezes era um dragão, um anjo, uma árvore, uma banana, um piano ou um cordeiro.
Rindo histericamente, anunciávamos nossas revelações visionárias no instante em que elas apareciam para nós. Claro, isso fez com que todos gritassem ao mesmo tempo e se contorcessem mais perto do próximo - porque você tinha que estar exatamente onde eles estavam para ver exatamente o que eles tinham visto. E você tinha que fazer isso rápido, porque as nuvens mudavam constantemente e as imagens que eram projetadas para nós não duravam muito.
Até hoje eu mantenho aqueles momentos na minha mente - e sei que todos os meus amigos também. E, enquanto eu me maravilhava com as lindas nuvens agora acima de mim, me perguntei o que teria acontecido nos anos que se seguiram. Eu nunca disse, naquela época, que estava olhando para “nuvens cumulus” ou “formações”. Minha imaginação estava vendo baús de tesouro, castelos, notas musicais, montanhas e um milhão de outros pequenos milagres bem diante dos meus olhos.
E quando o trânsito começou a andar novamente, respirei fundo. Era hora de voltar à realidade. Minha imaginação não tinha lugar ali. Ou tinha?
Percebi que ver a mão de Deus não era algo restrito às realidades do mundo material. Às vezes, apenas ao olhar para cima, para dentro de nossos corações ou ao lembrar de algo, descobrimos Sua presença tão vívida e real quanto qualquer coisa tangível em nossas vidas.
E, às vezes, Ele pode até nos enviar um lembrete disso, como sei que Ele fez quando olhei para cima e abri meu coração para ver o que havia nas nuvens.