No domingo, 14 de abril de 1912, o padre Thomas Byles celebrou uma Missa a bordo do Titanic. Era o primeiro domingo depois da Páscoa. Ele fez uma homilia sobre a importância da oração como colete salva-vidas e dos sacramentos para salvar a alma em um naufrágio espiritual.
Naquela fatídica noite, o sacerdote caminhava pelo convés superior. Quando o Titanic atingiu o iceberg, ele vestia seu sobretudo e rezava seu breviário.
Como se fosse o próprio capitão, Pe. Byles permaneceu no navio para ouvir confissões e fazer orações. Por duas vezes, ele recusou um assento em um bote salva-vidas. Preferiu ficar com os passageiros, que o procuravam para rezar. Ele, inclusive, desceu à terceira classe, onde viajavam os trabalhadores, muitos dos quais católicos.
Lá, ele ouviu confissões e rezou o Rosário com as pessoas que estavam condenados a afundar com o navio. Os sobreviventes disseram mais tarde que podiam ouvir a voz do padre conduzindo as orações, a que todos respondiam em vários idiomas. Mais alto do que tudo, eles podiam ouvir os apelos desesperados: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém."
Pouco depois das 2h, o Titanic afundou. Cerca de 1.500 pessoas morreram na tragédia, e uma delas foi o padre Byles. O corpo dele nunca foi encontrado.
O padre inglês iria celebrar o casamento de seu irmão, William Byles, em Nova Iorque. William acabou se casando em uma cerimônia celebrada por um padre amigo da noiva. Após o casamento, eles vestiram roupas de luto e voltaram à mesma igreja para uma Missa em memória do padre Byles.
Um ano depois, William e sua esposa viajaram para Roma e tiveram uma audiência particular com o Papa Pio X, que ouviu a história do sacerdote morto no Titanic. O pontífice disse a William que o irmão dele era um mártir da fé.
Mas foi só em 2015 que surgiu o movimento pela beatificação do Pe. Byles, liderado pelo Padre Graham Smith, que era o pároco da Igreja de Santa Helena, a mesma paróquia em que o Pe. Byles servia. Sobre seu amigo, Pe. Smith declarou:
"Ele foi um homem extraordinário que deu a vida pelos outros. Precisamos, em linguagem muito antiga, elevá-lo ao altar, o que significa que o Vaticano o reconhecerá como mártir da Igreja. Esperamos e rezamos para que ele seja reconhecido como um dos santos da Igreja."
Embora a causa de beatificação do padre Byles permaneça aberta, o processo não avançou muito. Ainda não houve milagres atribuídos ao padre do Titanic, mas ele é lembrado por sua abnegação nas circunstâncias mais terríveis.