O nascimento do primeiro filho transforma o casal em pais. "O filho mais velho é aquele que nos ensina tudo sobre nosso papel como pais", escreve a consultora familiar e educadora Catherine Dumonteil-Kremer. Quando se tornam pais, pais e mães aprendem sua tarefa, descobrem suas primeiras ansiedades e se maravilham com as primeiras conquistas e sucessos de seus filhos.
À medida que a família cresce, o filho do meio pode ter dificuldades para encontrar seu lugar entre o mais velho - que carrega as alegrias e os medos de todos os primeiros momentos - e o mais novo, que ainda não é independente e monopoliza o tempo disponível.
Certas configurações familiares podem, às vezes, ajudar o segundo filho a encontrar seu lugar, por exemplo, quando o filho do meio é um menino cercado por duas irmãs. Mas quando a família tem duas meninas e depois um menino, a segunda menina pode ter dificuldade para se destacar da irmã mais velha.
"Eu evito rótulos a todo custo", diz Caroline, mãe de quatro filhos, duas meninas e dois meninos. "As comparações aprisionam as crianças, que não são livres para se tornarem quem são. Também gosto de lembrar que se eu disser a um deles 'muito bem, você é um corredor rápido', isso não significa que eu tenha dito ao outro 'você é um lixo, você é um corredor lento'. Um elogio a um não tira o mérito do outro. Eu me certifico de colocar isso em palavras para que todos sintam que existem por seus próprios méritos, e não em função dos outros", garante.
Um espaço para cada um
A educadora de pais Elisabeth Crary nos lembra da importância dos limites para cada filho: "É uma boa ideia que cada criança tenha um espaço dedicado a ela, mesmo que seja apenas uma gaveta só para ela na cômoda do quarto compartilhado. Esse espaço privado dá a cada filho um lugar real. Para o filho do meio, é um lugar onde o mais velho não precisa fazer comentários ou dar ordens, um lugar onde o mais novo não faz bagunça", explica a especialista.
Para Elisabeth Crary, a chave para evitar conflitos entre irmãos é fazê-los se sentir amados, fazer com que eles se sintam capazes de explorar o mundo, aprender a gerenciar suas emoções e as dos outros, satisfazer suas necessidades e, finalmente, desenvolver estratégias sociais. O lugar de cada um na família tem um impacto sobre todos esses pontos. Os pais poderão dar apoio a todos, especialmente ao filho do meio.
Aceitando as emoções dos filhos
Catherine Dumonteil-Kremer também recomenda aos pais que aceitem as emoções de seus filhos. "Queremos que [nossos filhos] se dêem bem, se amem, (…) sejam bons apoiadores uns para os outros durante toda a vida". Portanto, quando o filho do meio diz que o mais velho o maltrata ou que o bebê está tornando sua vida impossível, em vez de negar a emoção respondendo "Mas você o ama mesmo assim", por que não considerar estender a mão para a criança, sem julgá-la: "Você se magoa quando ele tira sarro de você, não é?" ou "Você preferiria que seu irmãozinho não estivesse aqui?"
Dessa forma, a criança se sente reconhecida em seus sentimentos e pode se abrir com os pais, em vez de guardar a amargura no fundo do coração.
"No aniversário de dez anos de cada criança, fazemos uma viagem só com ela, deixando as outras com os avós", diz Marie. "É um passo importante que mostra a todos que todas elas têm um lugar e que ninguém mais vai tirar deles", afirma a mãe.
Seja qual for o meio escolhido pelos pais para demonstrar seu amor pelos filhos, eles permitem que a criança acredite nas palavras do Senhor a Jeremias: "Amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor" (Jr 31,3).