Imagine a situação: seu filho de nove meses de vida está ao seu lado tomando leite na mamadeira. De repente, ele engasga e começa a passar muito mal, com dificuldades para respirar. Você aciona o serviço médico de urgência. Mas, enquanto o socorro não chega, decide procurar na internet como fazer uma manobra para reverter o engasgo e salvar a vida do seu filho. Você até encontra um vídeo, mas é obrigado a assistir a cinco segundos de uma publicidade antes de ter acesso às informações urgentes. São segundos que poderiam colocar em risco a vida do seu filho.
Foi pensando nisso que a rede de farmácias Pague Menos lançou um movimento pioneiro no Brasil para retirar anúncios de conteúdos urgentes ligados à saúde que estão disponíveis na internet, principalmente no YouTube.
A rede de farmácias realizou um estudo detalhado para definir a campanha. Foram mapeadas situações de emergência que demandam ação imediata, como massagem cardíaca, manobra de engasgo, identificação de AVC, respiração boca a boca e controle de sangramento, entre outras.
Depois disso, a empresa propôs aos criadores de conteúdo relacionados a essas situações para desmonetizarem seus vídeos. Em contrapartida, a rede de farmácias remunera os criadores com um valor determinado, substituindo o potencial lucro proveniente de anúncios atrelados aos vídeos que eles postaram na internet. Ou seja: através da campanha, a empresa compra o espaço para não haver propaganda antes do vídeo.
"Investir em propaganda é indispensável, mas em alguns casos ela pode ser repensada em prol de um bem maior que é a saúde das pessoas. No momento de emergência, todo segundo conta, e isso não tem preço”, explica Renato Camargo, vice-presidente de Clientes na Pague Menos & Extrafarma.
Corrente do bem
A campanha, denominada "NoAd", busca a adesão de outras empresas e criadores de conteúdo da área da saúde. A ideia é criar um grande movimento para evitar a veiculação de publicidade que antecedem os vídeos de primeiros socorros.
Nos primeiros dias de campanha, 15 vídeos já foram desmonetizados, ou seja, não exibem mais propaganda.
"Nessa corrida contra o tempo, aqueles cinco segundos de anúncio que antecedem o vídeo podem fazer muita diferença. Por isso, a solução disruptiva foi dizer 'Sim' à vida com um 'Não' à propaganda", afirma Rodrigo da Matta, diretor executivo de criação da campanha.
Mas atenção: a rede de farmácias deixa claro e orienta que os vídeos são recursos de último caso. Para qualquer emergência em saúde, é preciso chamar os bombeiros (193) ou o Samu (192).