Muito já foi escrito a favor e contra o trabalho a partir de casa, o famoso home office. Algumas pessoas adoram o espaço e o tempo que encontram trabalhando de casa, enquanto outras se sentem muito mais produtivas e realizadas indo para um escritório.
Curiosamente, meu marido e eu estamos em lados opostos dessa questão. Ele acha difícil se concentrar trabalhando de casa por causa de nossos quatro filhos. Por outro lado, eu aprecio a flexibilidade e a liberdade do trabalho remoto - também por causa de nossos quatro filhos! O resultado é que ele trabalha principalmente em seu escritório em Chicago, enquanto eu trabalho principalmente em nosso escritório, aqui mesmo na nossa casa.
O fato é que, em meus muitos anos de trabalho remoto, ninguém me viu reclamar de um problema sobre ele. Vou tentar descrevê-lo para você.
Desconexão no final do dia
Quando passo um dia inteiro trabalhando em meu computador, talvez seis ou sete horas seguidas olhando para a tela, com apenas pequenos intervalos e sem colegas de trabalho por perto, não me sinto em casa quando termino o serviço do dia e fecho o computador. Meu cérebro parece vagamente desorientado e desconectado da realidade física. Parece que minha mente e meu corpo não estão funcionando em sincronia.
Isso soa familiar para você? É uma sensação inquietante e sei que nem todo mundo a experimenta. Meu marido diz que não, e ele trabalha no computador com muito mais frequência do que eu. Eu me pergunto se essa sensação pode estar ligada ao TDAH. Não sei...
Para ser sincera, mão suporto esse sentimento - e ele sempre demora um pouco para passar quando termino o trabalho. É uma das muitas razões pelas costumo rascunhar meus textos no papel para poder passar menos tempo na tela.
A Regra de São Bento
O melhor remédio que encontrei para esse sentimento desconexo foi inspirado por uma citação da Regra de São Bento. A Regra é um esboço cuidadosamente considerado para se viver uma vida significativa e boa. Há muito a aprender com ela, mesmo que não sejamos monges!
São Bento escreveu: "são verdadeiros monges se vivem do trabalho de suas mãos, como também os nossos Pais e os Apóstolos".
De fato, trabalhar com as próprias mãos era essencial para a vocação monástica, na visão de São Bento. Ele não diz exatamente o porquê. Outros autores teorizaram que essa declaração visa encorajar a humildade, o serviço e o trabalho com intenção e oração.
Mas, para mim, trabalhar com as mãos é uma oportunidade especial de contemplação e oração, de uma forma que, simplesmente, não é possível com o trabalho no computador.
Mergulhando no trabalho físico
Portanto, agora tento começar a fazer algum tipo de trabalho físico imediatamente quando termino o dia de folga. Preparar o jantar, lavar a louça, fazer uma massa, fazer exercícios, levar meus filhos para passear… Qualquer coisa prática parece funcionar, e quanto mais informações sensoriais melhor. Um pouco de trabalhos manuais sempre me põe em ordem.
Quando estou trabalhando diante de uma tela, embora possa oferecer meu tempo de trabalho a Deus, não consigo orar profundamente durante as atividades. Por outro lado, as várias tarefas online podem parecer um jogo de maluco, deixando pouco espaço para contemplação. Mas o trabalho físico e manual parece acalmar e aquietar minha mente, abrindo espaço em minha alma para uma conversa com Deus.
A lição de São Bento
Sempre reservo um tempo para agradecer a lição que São Bento me ensinou sobre o trabalho manual. O trabalho físico diário que faço para manter minha casa em ordem e cuidar de meus filhos pode ser uma ocasião de oração, trazendo paz interior e exterior. De fato, esses períodos de trabalho manual podem trazer uma sensação da vida monástica de contemplação.
Quer trabalhemos em casa ou no escritório, todos podemos encontrar maneiras de estar presentes em nossos corpos por meio do trabalho físico em algum momento do dia. E esses períodos podem ser uma chance de pensar, rezar, contemplar e simplesmente estar em paz na presença de Deus.