No dia 27 de julho último, o soldado PM Patrick Bastos Reis, de 30 anos, servindo atualmente na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), casado e pai de uma criança de 2 anos, foi friamente assassinado, em serviço, no Guarujá (São Paulo). O homicídio se reveste de um caráter peculiar, pois revela o caos na nossa segurança pública. Reflitamos!
De início, voltemo-nos para um ponto mais alto ou metafísico (além do físico): a grande luta entre o Bem e o mal presente na História. Sim, quem já teve o ensejo de observar a Sagrada Escritura, nota aí, do primeiro ao último livro, a forte inimizade entre a Mulher, Nossa Senhora, e a serpente, o demônio. Já no princípio, Deus sela essa luta ao dizer a satanás: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Fica muito clara, no entanto, a superioridade da mulher e da sua descendência – Nosso Senhor Jesus Cristo, por excelência (cf. Gl 4,4; Lc 1,31), mas, por especial desígnio divino, também cada um de nós: somos filhos adotivos de Deus (cf. Gl 4,5.7; Rm 8,15-17) – que, em pé, pisa a cabeça da serpente rastejante. No final da Escritura, satã, agora dissimulado de dragão, investe, uma vez mais, contra a Mulher, mas é derrotado por Deus (cf. Ap 12,14-16).
Este capítulo do livro do Apocalipse diz, ainda, em seu penúltimo versículo, o que segue: O dragão, “então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12,17). Em outras palavras, o diabo odeia os filhos de Deus e, por essa razão – através dos seus seguidores, os filhos das trevas (cf. 1Ts 5,5; Lc 16,8) –, ataca os filhos de Deus que estão no mundo, mas não são do mundo (cf. Jo 17,16). É o mistério da iniquidade (cf. 2Ts 2)! Contudo, se satanás, o grande interessado no mal, não tem poder infinito, mas requer sempre a licença de Deus para agir (cf. Jó 1,6-12; Lc 22,31-32; Mt 8,28-34), por que o Senhor lhe permite atuar? – “A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas ‘nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam’ (Rm 8,28)” (Catecismo da Igreja Católica n. 395).
Presença diabólica "nos ares"
Depois desta longa, mas necessária reflexão, é possível chegar a um ponto prático assaz importante: Quando a Sagrada Escritura fala da presença diabólica “nos ares” (cf. Ef 2,2; 6,12; 1Pd 5,8) quer dizer, segundo o famoso teólogo e cardeal Charles Journet, que satã “também está presente nos lugares em que vivemos, para nos tentar” (George Huber. O diabo, hoje. São Paulo: Quadrante, 1999, p. 25). E uma de suas formas mais ardilosas de agir é promovendo a maldita inversão de valores. Maldita, pois, ainda no Antigo Testamento, o profeta já a denunciava dizendo: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5,20). Ora, não é isso o que vemos e sentimos em muitas áreas, incluindo a da segurança pública?
Que fazer? – Sugerimos quatro atitudes: 1) Oração fiel e diária em favor dos policiais. 2) Incentivo à união entre eles, de modo que a alegria ou a dor de um seja a de todos, independentemente de simpatias ou antipatias pessoais. 3) Estímulo a tudo o que, de algum modo, divulgue a nobre missão da Polícia Militar e, em contrapartida, o rechaço – sábio, sério e firme – do que tenta desacreditar a instituição e/ou seus membros. 4) Cobrança das autoridades legislativas a fim de que elaborem leis justas a amparar as pessoas de bem e a punir, conforme a gravidade do crime, os delinquentes.
Afinal, quem, com reta intenção e bom-senso, não vê, de modo muito nítido, que a Polícia parece acuada, mas os criminosos têm ampla liberdade para agir sem temer a nada nem a ninguém? Fica até a impressão de existir uma “palavra de ordem”, partida de sabe-se lá que misteriosa boca, a mandar que se ataque, de modo veemente, a Polícia a fim de maculá-la ou amortecê-la para que um caos ainda maior que o atual se consolide. Consolidando-se surgiria, então, o desânimo geral. Neste contexto, ainda que alguns se rendam, não podemos nos acovardar. Temos conosco a nobre promessa de Cristo: “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Avante!