Após criticar mediante vídeo no YouTube a guerra que a Rússia promove na Ucrânia, o pe. Ioann Kourmoïarov foi condenado a três anos de prisão em São Petersburgo, segundo informações da justiça russa. Ele também foi proibido de se manifestar por meio da internet durante dois anos.
O sacerdote da Igreja Ortodoxa Russa havia afirmado, ainda no ano passado, que a intervenção militar do Kremlin no país vizinho é uma agressão e, por conseguinte, exortou os fiéis a condenarem a guerra. Em 1º de abril de 2022, ele foi destituído do sacerdócio pelas autoridades da Igreja Ortodoxa Russa, cujo atual patriarca, Kirill, é aliado declarado de Vladimir Putin.
Em 7 de junho, o padre foi detido sob acusações de difundir "fake news" - o mesmo tipo de acusação elástica utilizado para perseguir opositores em ditaduras como a da Nicarágua, onde o bispo dom Rolando Álvarez foi condenado a mais de 26 anos de cadeia sob alegações essencialmente idênticas. Atos violentos de repressão e censura contra a livre manifestação de ideias têm se multiplicado também em países supostamente democráticos, sempre sob o conveniente discurso de um combate genérico às "fake news", que, porém, não é aplicado em igual medida contra opositores e apoiadores do governo vigente.
Em fevereiro deste ano, o Parlamento Europeu exigiu, mediante resolução, a libertação dos presos políticos russos que se opuseram publicamente à guerra, entre os quais o pe. Ioann. De fato, milhares de cidadãos russos foram condenados sumariamente não só por protestarem, mas até mesmo por compartilharem mensagens em redes sociais questionando a guerra na Ucrânia.