O atual presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Merval Pereira, participou nesta terça-feira, 3, de reunião pública realizada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) a fim de tratar da assim chamada linguagem neutra.
Segundo Pereira, a ABL analisa o tema "com prudência" por se tratar de "fenômeno ainda incipiente e de nicho". Seu eventual emprego em textos oficiais, prosseguiu, estaria fora do padrão da língua culta:
"Os documentos oficiais devem seguir as normas oficiais que estão vigentes. Se o professor quiser falar ‘todes’ na sala de aula, ele estará prejudicando a maioria dos alunos que não sabe o que é isso. Ele também não pode obrigar os alunos a usarem a linguagem neutra, porque não há nada que obrigue a isso".
O presidente da ABL considera, no entanto, que o futuro pode trazer mudanças:
"A gente tem que ficar atento à continuidade do uso ou não dessa linguagem, ver até que ponto ela pode se ampliar na sociedade, fora do nicho na qual nasceu e que, no momento, só pessoas ligadas a esse nicho usam".
Também participou da reunião pública desta terça o acadêmico Arnaldo Niskier, membro da ABL que já fez parte do Conselho Nacional de Educação. Seguindo a mesma linha de pregar cuidado para evitar precipitações, ele foi objetivo:
"A educação tem outras prioridades".