O termo “mística” é, hoje, muito explorado em ambientes cristãos ou não cristãos e quase sempre distorcido em sua essência. Daí a ocasião do livro A verdadeira mística. Deus em nós e nós n’Ele. A via segura do nosso autêntico progresso espiritual (Editora Benedictus), de nossa autoria.
Já de início, vem uma grande verdade da fé católica: Todos os seres humanos somos, em virtude do nosso Batismo, chamados à salvação (cf. 1Tm 2,4) e à santidade (cf. Mt 5,48), de modo que, ao tomarmos, pacientemente, a nossa cruz de cada dia para seguir a Cristo (cf. Mt 16,24), em qualquer estado de vida, estamos nos santificando. É o que ensina o Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis cristãos, por conseguinte, em suas ocupações e circunstâncias e por meio de tudo isso, se estarão santificando dia a dia sempre mais, se tudo aceitarem com Fé das mãos do Pai celestial e cooperarem com a Vontade divina manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a Caridade com que Deus amou o mundo” (Lumen Gentium, 41).
Ora, ser santo é estar – após passar pelas vias purgativa e iluminativa, brevemente apresentadas no livro em foco –, intimamente unido a Deus, isto é, vivendo a via unitiva. Esta é a etapa na qual a criatura se esvazia de tal modo de si mesma a fim de melhor se preencher de Deus, a ponto de se tornar uma só com Ele, sem cair no panteísmo. Com efeito, Deus habita, por um dom sobrenatural d’Ele (supondo a capacidade, mas nunca a exigência natural humana), na alma dos justos. Continua, no entanto, a transcender ao ser humano, por isso nada tem a ver com o panteísmo, doutrina ilógica e irracional, que coloca Deus – o Perfeito, o Absoluto e o Eterno – em pé de igualdade com a criatura – que é imperfeita, relativa e contingente. O Criador seria, assim, imanente ao mundo, o que é, sem dúvida, absurdo. Daí, salvaguardando a transcendência divina, ensinar São Paulo: “Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Essa íntima união com Deus, embora possa vir acompanhada de fenômenos como levitação, êxtase, revelações particulares etc. não se caracteriza por isso. Ao contrário, e aqui vai um trocadilho: nem todo místico apresenta fenômenos extraordinários e nem todo aquele que exibe prodígios infrequentes ao grande público é um místico. Isto nosso livro procura deixar claro ao percorrer o seguinte roteiro: I. Mística: conceitos errôneos (cf. p. 15-23); II. O que, afinal, é a mística? (cf. p. 25-41); III. Fenômenos extraordinários (cf. p. 43-92). Aí, são analisados 21 prodígios que podem ser ou não ser místicos. Por complemento, citamos relatos sobre a Beata Ida de Louvaina, mística cisterciense, que manifestava muitos fenômenos portentosos (cf. p. 93-98). Em Apêndice, trazemos pistas – à luz de renomados estudiosos – para se poder bem distinguir, num fato maravilhoso, o natural, o místico e o milagroso (cf. p. 103-116), além da possibilidade de se conjugar santidade e problemas de saúde, especialmente psicológicos (cf. p. 117-118), e a distinção entre um autêntico místico e um histérico, por exemplo (cf. p. 118).
Feito este percurso, recordemos que o Catecismo da Igreja Católica é bastante objetivo, completo e sintético ao tratar da mística ensinando que “o progresso espiritual tende à união sempre mais íntima com Cristo. Esta união recebe o nome de ‘mística’, pois ela participa no mistério de Cristo pelos sacramentos – ‘os santos mistérios’ – e, nele, no mistério da Santíssima Trindade, Deus nos chama a todos a essa íntima união com Ele, mesmo que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos apenas a alguns, em vista de manifestar o dom gratuito a todos” (n. 2014).
Em outras palavras, quem progride espiritualmente chega, com a graça divina, à íntima união com o Senhor Jesus. Essa união é chamada de mística, pois participa dos sacramentos, especialmente do Batismo, da Penitência e da Eucaristia, e por eles se chega ao mistério da Santíssima Trindade, de modo que poderíamos ter o seguinte esquema: Fiel → Sacramentos → Santíssima Trindade (cf. p. 27).
Em suma, o livro serve de introdução a quem deseja progredir na vida espiritual. Todo clérigo, religioso(a), leigo(a) – deveria lê-lo com proveito para si e para os seus.
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