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Como agir em caso de engasgo de uma criança ou bebê?

Ambulância
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Reportagem local - publicado em 13/10/23
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Principalmente até os 3 anos, os engasgos podem ser frequentes e perigosos - e são uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil

Só em 2022, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Santa Catarina atendeu 495 ocorrências de engasgos em crianças de 0 a 13 anos - em em 2023, até 24 de setembro, já registrou mais 350 ocorrências envolvendo crianças dessa mesma faixa etária.

A Assessoria de Comunicação da Secretaria da Saúde daquele Estado destacou o assunto junto à população catarinense para incentivar medidas preventivas, alertando que os engasgos ocorrem em diversas fases da vida, mas podem ser frequentes e perigosos principalmente até os 3 anos de idade. Além disso, constituem uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o Brasil.

O que é um engasgo?

É a interrupção total ou parcial da passagem do ar respirado, causada pela entrada de um corpo estranho na traqueia, seja líquido ou sólido. No caso dos bebês, são principalmente líquidos, enquanto em crianças maiores é mais comum serem corpos sólidos, tanto alimentos (atenção especial a balas, amendoins, pipoca etc.) quanto pequenos objetos (como botões e peças de brinquedos, entre muitos outros exemplos).

A Sociedade Brasileira de Pediatria informa que a aspiração de corpos estranhos é registrada sobretudo na faixa de 1 a 3 anos. O episódio é chamado, tecnicamente, de Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE).

Quais são os sinais?

Os indicativos de engasgo podem incluir tosse, agitação, dificuldade de respirar e cor roxa ao redor dos lábios, entre outros sinais. A criança também pode levar as mãos ao pescoço e/ou emitir sons respiratórios agudos - mas também é frequente a ausência de som.

O que fazer nesses casos?

É urgente ligar imediatamente por socorro. No Brasil, o número de emergência do SAMU é 192. Enquanto se aguarda a ambulância, é fundamental saber quais ações devem ser realizadas para salvar a criança.

SE A CRIANÇA ESTIVER TOSSINDO

Citado pela matéria da Assessoria de Comunicação da Secretaria da Saúde de Santa Catarina, o enfermeiro Luciano da Silva Costa, especialista em urgência e emergência, explica que a tosse é a melhor chance de expelir o objeto que provocou o engasgo. Se você interferir de outras formas, o objeto que está causando o engasgo pode se deslocar e piorar a situação com uma obstrução completa, impedimento a respiração. Nos engasgos com objeto sólido, pode ocorrer obstrução total da passagem do ar pelas vias aéreas; nesse caso, a criança ou o bebê não emitem qualquer som vocal e apresentam os lábios e a pele arroxeados.

Luciano orienta que, se a criança ou o bebê engasgado estiverem conseguindo tossir, a recomendação é "não chacoalhar, não bater nas costas, não virar de cabeça para baixo e não tentar tirar o objeto da boca, principalmente se você não estiver vendo o objeto. O ideal é retirar com a mão objetos ou secreção que conseguimos visualizar".

SE A CRIANÇA NÃO ESTIVER TOSSINDO

O Dr. Eduardo de Sá Pedroso, médico e diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, também afirma que a tosse é uma forma de o organismo expelir o corpo estranho - e acrescenta que essa tosse pode deslocar o ar em até 300 km/h. Na maioria dos casos, a tosse desobstrui o canal, mas o que fazer quando a criança engasgada não tosse, não tem reação e está com a respiração impossibilitada?

A | Crianças de até 1 ano

O Dr. Pedroso explica:

"Se for um bebê, é preciso colocá-lo de barriga para baixo, apoiado no braço e, este por sua vez, na perna. Se for líquido, essa posição já ajuda. Se foi obstrução por sólido, é preciso dar empurrões nas costas, com uma força dosada para o tamanho da criança".

A Secretaria da Saúde do Paraná explica assim essas mesmas orientações:

  • Segure o bebê deitado de bruços, bem apoiado em você e inclinado para frente;
  • Com a sua mão, faça cinco compressões no meio das costas dele;
  • Vire o bebê de barriga para cima, ainda apoiado no seu braço;
  • Faça mais cinco compressões na área entre os dois mamilos do bebê, sobre o esterno, que é o osso que divide o peito: esse movimento se assemelha a uma massagem torácica;
  • Verifique se o corpo estranho foi eliminado pelo bebê;
  • Se você visualizar o corpo estranho na boca do bebê, tente retirá-lo delicadamente;
  • Se o corpo estranho ainda não foi expelido, repita o procedimento das compressões até a chegada da ambulância (ou até que você mesmo consiga chegar a um pronto-socorro ou hospital, caso não haja disponibilidade imediata de ambulância).

Lembre-se: estes procedimentos são válidos somente se a criança ou o adulto engasgado estiverem conscientes. Vítimas inconscientes precisam de atendimento hospitalar urgente. Os primeiros socorros para asfixia ou engasgo devem ser tomados até que seja possível o atendimento especializado.

B | Crianças maiores de 1 ano

No caso de crianças maiores e mesmo de adultos, é indicada a manobra de Heimlich: você deve posicionar-se atrás da vítima se ela ainda estiver consciente. Em crianças, posicione-se atrás, de joelhos. Coloque uma das mãos fechadas sobre a chamada boca do estômago e comprima-a com a sua outra mão, ao mesmo tempo em que empurra para dentro e para cima, como se fosse levantar a pessoa.

A Secretaria da Saúde do Paraná detalha estas orientações:

  • Se a vítima estiver consciente, posicione-se por trás dela e abrace-a ao redor do abdome - se for uma criança, ajoelhe-se primeiro para ficar na mesma altura dela;
  • Feche uma das suas mãos e coloque esse punho logo acima do umbigo da vítima, na chamada "boca do estômago" (região epigástrica);
  • Com a sua outra mão, comprime o seu punho que já estava posicionado sobre a boca do estômago da vítima e faça compressões rápidas para dentro e para cima, como uma letra “J” e como se você estivesse levantando a vítima do chão; essas compressões devem ser firmes, mas não violentas;
  • Continue incentivando a vítima a tossir;
  • Verifique se ela conseguiu expelir o corpo estranho; se não, repita o procedimento.

O Dr. Pedroso reforça:

"Tudo isso deve ser realizado sem esquecer de pedir para alguém chamar socorro profissional. Se a pessoa desmaiar, é importante verificar se é possível retirar o corpo estranho com o dedo. Caso contrário, procedimentos médicos precisam ser tomados com urgência".

Como reduzir os riscos de engasgo?

Obviamente, o melhor é sempre evitar que o engasgo aconteça. Para isso, adote medidas simples de prevenção como as seguintes.

Na alimentação:

  • Supervisione sempre a alimentação das crianças;
  • Corte os alimentos em pedaços bem pequenos e ensine as crianças a mastigá-los bem;
  • Não as alimente enquanto correm, andam ou brincam, nem quando estão deitadas;
  • Não as alimente no carro em movimento;
  • Jamais coloque alimentos na boca de uma criança que está chorando;
  • Oriente a criança a não falar enquanto mastiga;
  • Não dê à criança nenhum tipo de bala, menos ainda as que são duras;
  • Não dê à criança amendoim nem pipoca até que elas tenham cerca de 5 anos de idade;
  • Não limite seus cuidados apenas a evitar engasgos: o Dr. Pedroso explica que pedaços pequenos de alimentos, mesmo se não causam engasgos, podem acabar aspirados e alojados no pulmão, acumulando secreção e podendo causar pneumonia.

Outras medidas fundamentais:

  • Mantenha objetos pequenos sempre fora do alcance das crianças;
  • Não coloque adereços nos braços dos bebês, como pulseiras, berloques e medalhas;
  • Não compre brinquedos com partes pequenas;
  • Verifique, na embalagem, se o brinquedo é regulado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO;
  • Siga as recomendação da embalagem dos brinquedos quanto à idade ideal.

Não custa acrescentar que, no tocante à alimentação, cuidados especiais também devem ser prestados aos idosos, em particular os que usam dentaduras. A prótese pode reduzir a sensibilidade em alguns locais, dimimuindo o controle da deglutição e, portanto, favorecendo os engasgos.

Para todos, em qualquer idade: comer e mastigar rápido demais também é um perigo. Apesar da correria dos tempos atuais, a calma na hora de comer deve ser inegociável.

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