No Brasil, O Dia do mestre é comemorado em 15 de outubro, e este dia foi estabelecido em 1963, durante o governo de João Goulart. Vale lembrar que em outros países a ocasião é celebrada em datas diferentes; mas fato é que por aqui houve referência a Dom Pedro I, que, neste mesmo dia, no ano de 1827, emitiu uma lei sobre o Ensino Elementar. Portanto, ficou-se consolidada uma homenagem ao mestre todo o dia 15 de outubro.
A admiração a esses profissionais é mais do que merecida, mas ocorre também uma casualidade acerca da data, já que 15 de outubro é o dia que a Igreja celebra e faz memória à Santa Teresa d`Ávila. Para além das coincidências temporais, Teresa foi uma grande mestra e, através de suas obras, permanece orientando a quem se propuser a percorrer o caminho da perfeição, pelas veredas de uma vida dedicada a Deus. Nascida em Ávila, na Espanha, em 1515, foi educada de modo sólido e cristão, mesmo tendo nascido em uma família de origem judaica, mas que se converteu ao catolicismo. Seus pais eram virtuosos e sua mãe faleceu bem cedo.
Quando era criança, sua brincadeira favorita era brincar de "fundar mosteiros", o que é quase profético, porque é o que ela fará quando adulta. Também gostava de meditar sobre a vida eterna, com seu irmão, Rodrigo. A ideia da eternidade entusiasmou de tal forma as duas crianças que elas decidiram fugir de Ávila e entregar-se aos mouros para serem degolados como mártires. Chegaram, porém, tão somente ao portão da cidade, onde foram encontrados pelo tio e levados de volta à casa paterna. Esse episódio mostra que ela teve uma infância acalentada por ideais religiosos.
Teresa, no entanto, adquiriu de sua mãe o hábito de ler livros de romance. Com isso, ficou vaidosa e acabou se envolvendo em namoricos com um primo. Quando o pai descobriu, não titubeou, colocou-a num convento de agostinianas. Lá, conheceu uma monja que, instigando-a à récita do Santo Terço, ensinou-lhe a rezar novamente e fez renascer nela o ardor perdido na adolescência, a ponto de Teresa considerar a possibilidade de entrar na vida religiosa. Todavia, a santa tinha uma certa aversão à ideia de ir definitivamente para o convento e ainda desejava casar-se. Decidiu-se pela vida religiosa quando raciocinou que seu desejo maior era ir para o céu e que o melhor modo de isso ocorrer era se tornando monja. Aos 20 anos, entrou no Convento das Irmãs Carmelitas da Encarnação de Ávila, o famoso Mosteiro da Encarnação.
A Ordem Carmelita ainda não tinha sido reformada, pois quem faria a reforma seria a própria Teresa de Jesus. Mas ao entrar nesse convento, veio a adoecer. Essa doença desconhecida foi o seu caminho de salvação. O pai, vendo que ela não melhorava, tomou as rédeas da situação e decidiu levá-la para um tratamento com uma "curandeira" numa outra localidade. No caminho, o seu tio deu-lhe o livro O Terceiro Abecedário Espiritual, do Frei Francisco de Osuna, a partir do qual Teresa começou a orar, mas o tratamento não deu certo e ela continuou doente. Decidiu voltar para o convento e lá piorou tanto que sofreu um paroxismo, passando dois ou três dias em coma. Chegaram inclusive a abrir uma cova para ela. O pai, porém, não permitiu que ela fosse enterrada. De fato, Teresa saiu do coma e, dias depois, as irmãs a surpreenderam engatinhando no chão do quarto e louvando a Deus.
Após uma longa e difícil recuperação, Teresa abandonou a vida de oração. Nesse mesmo tempo, o seu virtuoso pai, ao contrário, passou a praticar com intensidade a oração. Gostava de conversar com a filha sobre a vida espiritual e ela não tinha coragem de lhe contar que já não praticava a sua oração íntima e pessoal, rezando somente a oração com o coro. Após a morte do pai, Teresa voltou decididamente à oração. Tinha o que chamava de "determinada determinación". Para Teresa, a oração autêntica não era possível sem determinação, especialmente nos estágios iniciais.
Só em retrospectiva Teresa se deu conta do papel que a determinação tivera em ajudá-la a perseverar durante os laboriosos anos de oração, os quais levaram enfim a um ponto de virada quando, entrando certa feita no oratório, seus olhos depararam com uma imagem de Jesus flagelado na coluna. Ela caiu de joelhos, enquanto lágrimas de arrependimento lhe escorriam pelo rosto. Olhando para Jesus como nunca antes, compreendeu subitamente o sofrimento que Ele suportou por amor a nós e sentiu profundamente sua ingratidão: “Lancei-me aos seus pés, derramando muitas lágrimas e suplicando-lhe que me fortalecesse de uma vez, para que eu não o ofendesse” novamente. A partir daí, Teresa se converteu. Estava com 40 anos de idade quando iniciou a sua vida mística. Após muitas dificuldades, Teresa recebeu licença para fundar um carmelo pequeno, pobre e que recebeu o nome de Carmelo São José de Ávila. Ali nasce o movimento de reforma que receberá o nome de Carmelitas Descalças.
Naquela época, Santa Teresa já estava na fase da vida plenamente mística. As monjas viam que a Madre Priora tinha dons místicos e pediram que ela as ensinasse a rezar. Foi assim que Teresa escreveu o Caminho de Perfeição. Os fenômenos místicos por ela vivenciados já haviam sido relatados no Livro da Vida, escrito para os confessores, para os homens letrados e espirituais da época. É um registro autobiográfico, em que a santa revela os fenômenos místicos com que foi agraciada por Deus.
O seu segredo foi o amor. Conseguiu fundar mais de trinta e dois mosteiros, além de recuperar o fervor primitivo de muitas carmelitas, juntamente com São João da Cruz. Teve sofrimentos físicos e morais antes de morrer, até que em 1582 disse uma das últimas palavras: “Senhor, sou filha de vossa Igreja. Como filha da Igreja Católica quero morrer”. No dia 27 de setembro de 1970 o Papa Paulo VI reconheceu-lhe o título de Doutora da Igreja. Santa Teresa d`Ávila (também conhecida como Santa Teresa de Jesus) é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu.
Que Santa Teresa d`Ávila possa nos auxiliar a combater o bom combate com a certeza da vitória em Cristo, afinal, como ela própria escreveu: “Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta.”