Era comum, em vários países de tradição cristã enraizada, que os católicos andassem com um cartão na carteira dizendo "Sou católico - em caso de emergência, chame um padre". Mesmo hoje, ainda são muitos os que mantêm essa orientação junto à família e aos próprios médicos.
Mas por quê? Qual é o sentido de chamar um padre num caso de emergência médica?
Você vai entender claramente ao perguntar a um sacerdote sobre as suas experiências com a administração do sacramento da Unção dos Enfermos, anteriormente mais conhecido como Extrema Unção ou Últimos Ritos.
De fato, muitos padres testemunham momentos incríveis de cura física ou espiritual ligada aos sacramentos. Uma dessas histórias envolve o pe. Bart Juncer, da paróquia de Santo Odilo e Santuário Nacional das Almas do Purgatório em Berwyn, no estado norte-americano do Illinois.
Um chamado no meio da noite
Há quase 15 anos, numa noite fria de janeiro, auge do inverno em Chicago, o pe. Juncer recebeu um telefonema de uma família do Rush University Medical Center. O pai de um paciente com câncer, de 42 anos, procurava urgentemente um padre: os médicos tinham acabado de dizer que o seu filho não sobreviveria àquela noite.
"Eu me lembro que estava nevando bastante. Aquela família era de fora da cidade, então o pai ligou para a paróquia mais próxima e perguntou se eu podia ir até lá e dar a extrema-unção ao filho dele".
O pe. Juncer administrou o sacramento e saiu, entristecido por ver um jovem que estava morrendo. Ele nem esperava voltar a ter notícias da família.
No entanto, recebeu um telefonema chocante, cerca de quatro meses depois. A voz do outro lado da linha lhe perguntou:
"O senhor se lembra de ter saído no meio da noite em janeiro para dar a extrema-unção a um homem de 42 anos que estava morrendo de câncer?".
"Eu me lembro muito bem disso".
"Eu sou aquele homem".
Como se não fosse uma surpresa arrepiante o suficiente, a voz do outro lado da linha acrescentou:
"E tem uma coisa mais incrível ainda, padre. Eu acabei de voltar do hospital e eles me disseram que não resta mais sinal nenhum do câncer. Eles não conseguem explicar como foi que tudo acabou. Mas acabou".
O homem enviou ao pe. Juncer uma carta com os detalhes da história, para que ele pudesse registrar bem o fato.
Curas não são incomuns
O pe. Juncer enfatiza, hoje, que esse tipo de cura inexplicável ligada aos sacramentos não é incomum. E recorda a história de uma jovem que também foi curada enquanto fazia adoravação eucarística.
"Já vi casos semelhantes de pessoas que se recuperaram depois de receberem os sacramentos, mas essa foi a mais impressionante de que eu me lembro. Até nos avisaram no seminário, quando estudávamos este sacramento em particular, que às vezes acontecem curas milagrosas e que temos que estar prontos para isso. E uma coisa é quando você é seminarista, estudando e ouvindo falar sobre isso, mas outra coisa, totalmente extraordinária, é que isso aconteça com você".
A história do pe. Juncer esclarece com nitidez por que muitos católicos chamam um padre em caso de emergência médica. É claro que, na maioria dos casos, os sacramentos não provocam uma clamorosa cura física. Mas a cura espiritual e a paz emocional que recebemos do sacramento podem ser igualmente impactantes.
Quando o pe. Juncer trabalhou como capelão num hospital católico, vários médicos lhe diziam com frequência que não conseguiam fazer muito sem as suas orações. Mesmo que esses profissionais não fossem católicos ou sequer religiosos, ainda assim reconheciam a importância da fé e da presença de um capelão para os pacientes sob seus cuidados.
O poder dos sacramentos fica claro nestas situações dramáticas de vida ou morte, muito embora tendamos a nos esquecer dele na agitação do quotidiano. Mas os sacramentos continuam à nossa disposição, sempre prontos para quando precisamos deles. Graças a Deus!