À primeira vista, a crença religiosa - ou a falta dela - é, obviamente, o fator-chave que distingue um jovem ateu de um jovem católico.
No entanto, eles compartilham várias outras características que podem uni-los numa convivência surpreendentemente harmoniosa, instigante e construtiva.
É que as suas respostas para os enigmas da vida podem ser diferentes, mas as perguntas fundamentais que eles podem fazer-se são as mesmas.
1 | A busca por sentido e propósito
Todo jovem, seja ateu, seja católico, enfrenta questões existenciais. Recorrendo ao básico, podemos sintetizá-las em três aparentes clichês da filosofia: quem sou, de onde vim e para onde vou. Ao longo do percurso por esta vida finita, tanto os jovens ateus quanto os católicos se perguntam qual será o propósito capaz de dar sentido a essa jornada que, cedo ou tarde, cruzará com a morte. À primeira vista, as respostas deles parecerão incompatíveis, mas é fato que, no fundo, as perguntas-chave são essencialmente as mesmas.
2 | O reconhecimento de valores éticos e morais
As perguntas essencialmente humanas sobre sentido e propósito tendem a promover de modo espontâneo o reconhecimento de valores que, por serem universais, também são essencialmente humanos. Esses valores éticos e morais incluem o senso de justiça e de empatia pelo próximo - que, para um cristão, constituem um mandamento basilar: amar o próximo como a si mesmo. Esse compromisso com a ética é mais um traço comum de enorme relevância que serve como ponto de convergência entre jovens ateus e católicos.
3 | A valorização da ciência
Ainda em decorrência da busca por sentido e do apreço pelos valores éticos, tanto os jovens ateus quanto os católicos valorizam a importância do conhecimento como ferramenta de autêntico progresso, seja social, seja individual. E como o verdadeiro conhecimento deve refletir a verdade por inteiro e não por pedaços, a ciência é aliada de ambos, desde que entendida como o que de fato é: o processo de investigação e compreensão da realidade com base em dados objetivos e demonstráveis, ou pelo menos plausíveis no caso de teorias que não podem ser comprovadas nem refutadas categoricamente.
Aqui entra, é claro, a fascinante discussão sobre a existência de Deus, que a ciência nem comprova nem refuta: este fato, quando abordado com honestidade intelectual de todas as partes, constitui um extraordinário ponto de intercâmbio entre jovens católicos e ateus. Aliás, muitos jovens ateus terão a oportunidade de ficar gratamente surpresos ao conhecerem o quanto a Igreja Católica promove a ciência, ao contrário das narrativas que, anticientificamente, a pintam de inimiga da razão.