À nossa porta ou longe das nossas casas, mãos humanas atacam, matam, semeiam o terror. Muitas vezes sentimo-nos impotentes face à violência contra pessoas inocentes. Temos a sensação de que, de onde estamos, não há muito o que podemos fazer. Mas não é bem assim. Um elo invisível liga todas as almas, cada um de nós está ligado a toda a humanidade por uma espécie de solidariedade misteriosa, de modo que tudo o que fazemos tem impacto nos outros.
A luz da oração
Quando chega a primavera, folha por folha fazem uma árvore inteira ficar verde; da mesma forma, cada vez que decidimos trazer um pouco de luz ao nosso coração, essa luz se espalha e vem iluminar o coração de alguém que não conhecemos, perto ou longe de nós, vivo ou morto, e que precisa disso.
Um gesto de paz faz brotar no coração de alguém cuja existência certamente desconhecemos a centelha que faltava para ousar uma reconciliação, um perdão.
Que luz é essa que podemos trazer para dentro de nós? É a da oração. Cada vez que oramos, ou seja, invocamos a presença de Deus dentro de nós, cada vez que invocamos o nome de Jesus e um pouco de sua paz vem acalmar nossos tumultos internos, o que acontece? Outra pessoa também recebe essa paz, essa calma, alguém que precisa nesse exato momento. “Todo homem que se eleva, eleva o mundo”, disse Santo Irineu.
Escudo contra o mal
Um gesto de paz que conseguimos fazer numa hora do dia nunca é um gesto isolado, uma gota de água num oceano indiferente. Este gesto faz brotar no coração de alguém cuja existência certamente desconhecemos a centelha que faltava para ousar uma reconciliação, um perdão. O mesmo acontece com os nossos esforços para sermos fiéis: eles beneficiam muito além de nós mesmos, que às vezes nem sequer vemos o benefício.
Este mistério insondável, mas muito real, é o que os cristãos chamam de comunhão dos santos, celebrada especialmente no Dia de Todos os Santos.
Muito podemos fazer, e é graças a esta solidariedade, escudo contra o contágio do mal, que o amor ao próximo se torna uma realidade concreta: os outros já não estão distantes, mas todos são próximos. “Nenhum de nós vive para si, assim como ninguém morre para si” (Romanos 14, 7).