O jovem seminarista Igor Pavan Trez, da diocese gaúcha de Frederico Westphalen, compartilhou em sua rede social um depoimento sobre o impacto da quimioterapia sobre o corpo e a mente de quem faz o tratamento - como é o caso dele próprio:
"A quimioterapia traz uma série de transformações físicas que podem ser uma verdadeira prova para a autoestima. No entanto, sob a perspectiva da fé, essas mudanças podem se revestir de profundo significado, oferecendo a oportunidade de nos aproximarmos da experiência de Cristo.
Enquanto é fundamental cuidar do corpo, é igualmente importante não permitir que isso se torne um veículo para a vaidade. Por vezes, inconscientemente, acabamos por cultuar a nossa própria imagem, buscando que nossas qualidades físicas sejam reconhecidas e admiradas pelos outros.
As mudanças físicas trazidas pela quimioterapia revelam, de maneira inegável, o quanto somos apegados à nossa aparência, ressaltando nossa limitação, fraqueza, e a influência do pecado original que carregamos".
Igor compartilha então a sua visão sobre como enfrentar essas circunstâncias a partir da fé:
"Um antídoto para ajudar nesse processo de aceitação das transformações provocadas pelo tratamento é lembrar as palavras do profeta Isaías a respeito de Cristo: 'Não existe nele beleza nem formosura: nós o vimos e ele não tinha mais aparência' (Is 53,2). Este versículo nos recorda que a grandiosidade de Cristo não residia em sua aparência física, que antes de suportar os sofrimentos da Paixão, ultrapassava 'em formosura os filhos dos homens' (Salmo 44). Sua verdadeira grandeza estava em seu amor incondicional, em sua missão redentora, e em sua entrega total.
Da mesma forma, a quimioterapia, ao provocar transformações em nosso corpo, nos desafia a refletir sobre o significado genuíno da beleza e sobre nossa missão na Terra. Como Cristo suportou o sofrimento por amor aos homens, aqueles que enfrentam a quimioterapia podem abraçar suas mudanças físicas como uma forma de mortificação da vaidade. Isso não significa negligenciar a autoestima, mas redirecioná-la para uma compreensão mais profunda".
O seminarista brasileiro conclui:
"Nesse contexto, cada transformação física pode ser vista como uma oportunidade de crescimento espiritual. Elas nos lembram que somos muito mais do que nossa aparência. Somos filhos e filhas amados por Deus, chamados a seguir os passos de Cristo na aceitação do sofrimento e no amor ao próximo".