Conta um relato popular, recopilado entre tantos outros pelas "Lendas do Céu e da Terra", do escritor brasileiro Malba Tahan, que um lavrador vistoriava os campos de trigo junto com o filho para ver se as espigas estavam maduras.
- Pai, por que algumas espigas estão inclinadas para o chão e outras estão de cabeça erguida? As erguidas devem ser as melhores e as que pendem a cabeça não prestam, não é?
- Olha, filho. Esta espiga, que se curvou, está perfeita e cheia de grãos. Já esta, levantada quase com orgulho, está chocha.
O pai então comparou:
- Acontece o mesmo, tantas vezes, no mundo das pessoas. Os soberbos e altaneiros são ocos e nulos, enquanto os humildes e modestos são preciosos e dão frutos.
E concluiu:
- A soberba é parente do orgulho, da presunção, da vanglória. E a vanglória é um mal que se explica pelo próprio nome: a vã glória, a glória vã; a ilusão dos louvores sem consistência.
Pai e filho prosseguiram pelos campos, agora com o pequeno olhando para o trigal com olhar muito mais atento à realidade do que às aparências.