O pe. Reginald Garrigou-Lagrange, frade dominicano francês reconhecido como um dos maiores teólogos do século XX, esclareceu, em sua obra "L'éternelle vie et la profondeur de l'âme" ("A vida eterna e a profundidade da alma"), que o céu significa, sim, tanto o lugar quanto, sobretudo, a condição de suprema bem-aventurança da alma que é salva por Deus após a vida neste mundo.
O frade observa que o céu não precisaria ser um lugar se Deus não tivesse criado corpos, mas somente puros espíritos: em tal caso, o céu poderia ser "somente" um estado de pleno regozijo em Deus, mas não teria por que ser também um lugar, já que lugar é um conceito físico.
No entanto, a natureza humana é uma unidade composta por corpo e espírito - e, dado que seremos ressuscitados também em corpo, o céu precisa ser, além de um estado, ainda um lugar. Lá encontraremos, prossegue o pe. Garrigou-Lagrange, a humanidade de Jesus, a Santíssima Virgem Maria, os anjos e as almas dos santos. A própria Revelação, destaca ele, deixa clara a existência do céu, muito embora se mantenha em mistério como seria esse lugar.
O Papa Bento XII, mencionado pelo frade dominicano, registrou que "as almas de todos os santos estão no céu antes da ressurreição dos corpos e do julgamento final", vendo ali "a essência divina por uma visão que é intuitiva e facial, sem a intermediação de qualquer criatura". O papa acrescenta que, "por causa desta visão na qual desfrutam da essência divina, eles são verdadeiramente bem-aventurados, têm a vida eterna e o repouso eterno" (cf. Denzinger, n. 530).
A isto, o Concílio de Florença acrescenta que, no céu, as almas em estado de graça "veem Deus trino como Ele é em Si mesmo", mas em graus de maior ou menor intensidade "conforme os seus méritos durante a vida terrena" (cf. Denzinger, n. 693).