O ônibus escolar amarelo sacudia na estrada da Universidade de Harvard até o meio do nada, em New Hampshire. À medida que rumávamos para o norte, o ar que entrava pelas janelas do ônibus esfriava, e o borrão das árvores lá fora ficava avermelhado. Foi meu primeiro fim de semana fora do campus e fiquei apavorada – não porque não conhecesse ninguém na viagem, mas porque estava perdendo um fim de semana inteiro de produtividade.
Em todo o campus, sempre há um evento ou palestra acontecendo a qualquer momento. Sempre há algo novo que eu poderia aprender, um livro que eu poderia ler, um artigo que eu poderia escrever. Sempre há algo mais que eu poderia estar fazendo. Na minha opinião, tirar um fim de semana de folga para priorizar meu relacionamento com Deus parecia um mau uso de todas essas oportunidades.
Quando chegamos à cabana do retiro, instintivamente peguei meu laptop no caminho para a primeira palestra sobre multitarefa. Quando comecei a mexer no computador, o orador do retiro projetou uma apresentação em PowerPoint. “Em nossa cultura, muitas vezes ouvimos que quanto mais ocupado você está, mais importante você é”, começou ele. “Mas a verdade está na tela: Ocupação ≠ Importância .”
Ufa! Tentei fechar discretamente meu laptop ao perceber que, inconscientemente, estive comparando esses dois aspectos durante todo o semestre: sacrifiquei minha vida de oração para aproveitar todas as oportunidades acadêmicas. Eu via uma agenda lotada como uma forma de validação. Eu estava tão preocupada em apelar para os outros que me esquecia de quem eu realmente deveria impressionar: Deus.
Ao dedicar toda a atenção ao palestrante, estabeleci como objetivo ser o mais improdutivo academicamente possível durante o resto do retiro. Larguei meu laptop e peguei meu rosário. Desliguei o telefone e passei o fim de semana caminhando, praticando canoagem e nadando. Limpei minha agenda e rezei muitas ladainhas de humildade para internalizar estas palavras: Ocupação ≠ Importância.
Ao retornar a Cambridge, fiz questão de trazer essas palavras comigo. A nossa sociedade pode dizer que a produtividade é tudo, mas é insignificante aos olhos de Deus; nenhuma quantidade de conhecimento poderia fazê-lo nos amar mais. Ele quer que passemos nosso tempo com Ele, não em tarefas que não contribuem para a nossa salvação. Isso pode nos fazer parecer mais importantes para outras pessoas, mas não devemos nos preocupar com os outros; devemos nos preocupar apenas com Deus.