Parapsicologia é um termo formado a partir da junção de duas palavras gregas: para (ao lado de) e psique (alma). Interessa-se, pois, por fenômenos paranormais, isto é, que ocorrem ao lado dos normais e não são, por isso, abarcados pela Psicologia.
Surgida no final do século XVIII com o nome de Metapsíquica (além do psíquico), esse tipo de pesquisa foi sendo aperfeiçoado e reformulado até receber, em 1934 – graças a Joseph Banks Rhine, médico, pesquisador e autor da obra Extra-sensory perception, publicada, nos Estados Unidos, naquele mesmo ano –, o nome de Parapsicologia. Ela é, como se vê, uma linha de pesquisa um tanto recente, e, deste modo, se ocupa de todos os tipos de fenômenos tidos como enigmáticos ao longo da História. Logo, os relatos da magia pré-histórica, os cultos ao demônio, a necromancia medieval, a astrologia, as sociedades secretas, os fenômenos do espiritismo atual etc. interessam a esse novo ramo do saber (cf. Bruno Fantoni. Magia e Parapsicologia. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1981).
Dito isto, recordemos que, no Brasil, cinco religiosos ficaram muito conhecidos, ainda que com estilos e finalidades um pouco diferentes, no interesse pela Parapsicologia: Frei Boaventura Kloppenburg, OFM († 2009), Frei Albino Aresi, OFM Cap. († 1988), Padre Oscar Quevedo, SJ († 2019), Pe. Edvino Friderichs, SJ († 1995), e Dom Estêvão Bettencourt, OSB († 2008). Ressalte-se que este último não fez pesquisas de campo, mas reuniu, com notas e acréscimos, suas contribuições sobre o assunto na obra Sobre o ocultismo (Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1990. Relançamento atualizado em 2016).
Voltando ao termo em si, o Pe. Quevedo nos dá esta definição: “A Parapsicologia é a ciência que tem por objeto a constatação e análise dos fenômenos à primeira vista inexplicáveis, mas possivelmente resultado de faculdades humanas” (A Face oculta da mente. 27ª ed. São Paulo: Loyola, 1979, p. 33). Isto é: O parapsicólogo é um pesquisador que analisa ocorrências misteriosas e sem uma explicação plausível à primeira vista, mas que provavelmente (a correta análise o confirmará ou não) são frutos de faculdades humanas. O padre, no entanto, acrescenta: “Pode ser que depois das investigações se comprove que tal determinado fenômeno supere as forças humanas... É então sobre-humano” (O que é a Parapsicologia. 32ª ed. São Paulo: Loyola, 2000, p. 22). Por sobre-humano entenda-se, aqui, a ação de Deus, sobretudo por meio dos milagres, muito valorizados por Quevedo, e do demônio, embora sua ação – não a sua existência – seja negada pelo padre jesuíta (cf. O que é a Parapsicologia, p. 99-103 e p. 113-118).
Os estudiosos, via de regra, dividem os fenômenos que a Parapsicologia examina em extranormais, paranormais ou supranormais e quanto aos seus efeitos em físicos, psíquicos ou mistos (cf. Sobre o Ocultismo, 2016, p. 34-36). São extranormais os que, embora misteriosos e em manifestações extraordinárias, não superam as faculdades e os sentidos já conhecidos pela ciência tradicional. Aí estão os feitos capazes de observações fisiológicas ou materiais: a hiperestesia, a telergia, a telecinesia etc. Os paranormais já supõem a existência e a ação da alma humana espiritual no homem e na mulher. Têm-se, aqui, os fenômenos de ordem imaterial: precognição, adivinhação, telepatia etc. Os supranormais se devem a uma força sobre-humana que não encontra explicação plausível na Parapsicologia. Enfim, crendo ter ficado claro os prodígios de efeitos físicos e psíquicos, dizemos que os mistos (psicofísicos) unem a ambos: são estigmas, feitiços etc.
Dentro da imensidão do assunto, cabe-nos, ainda, frisar dois tópicos práticos: 1º) a Parapsicologia deve contar com o apoio de outras áreas do saber, sobretudo da Psicologia, da Medicina, da Teologia e da Mágica. Afinal, o primeiro ponto a ser considerado no estudo de um fato misterioso é o do truque (Ilusionismo), especialmente se ocorrer com hora marcada, dado ser o fenômeno parapsicológico humanamente incontrolável. 2º) A possessão diabólica é – dentro dos limites exigidos – aceita pela Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1673). Deste modo, enquanto católicos, não seguimos, neste ponto, Quevedo, mas sim Kloppenburg, Bettencourt e Aresi.
Eis o que, por ora, cabia, muito modestamente, dizer sobre a Parapsicologia.