A abstinência de carne todas as sextas-feiras do ano é um assunto que, volta e meia, vem à tona entre muitas dúvidas dos fiéis e, não raramente, entre muitas contradições na forma como outros fiéis tentam "explicar" se ela é ou não é obrigatória - ou, mais especificamente, se é ou não é pecado deixar de praticar essa abstinência.
O pe. José Eduardo de Oliveira procurou responder, via rede social, de uma vez por todas, a esse tipo de questionamento:
"Confesso que o assunto já me deixa de farto! Não apenas pela falta de doutrina de muitas pessoas, mas de certa rigidez misturada com certa indigência intelectual que torna tudo muito mais difícil".
O sacerdote esclareceu:
"A abstinência de carne às sextas-feiras é obrigatória? Sim, mas fica a critério do fiel substituí-la em caso de qualquer impossibilidade. Portanto, comer carne às sextas-feiras só seria pecado se a pessoa não a substituísse por uma oração ou qualquer obra de piedade.
'Ah, mas eu me esqueci e acabei comendo'… Nenhum pecado cometido sem plena advertência pode ser mortal. Neste caso, basta substituir por uma oração qualquer ou outra obra de piedade.
'Ah, mas eu me esqueci de substituir'… Mais uma vez: nenhum pecado cometido sem plena advertência pode ser mortal e, às vezes, nem pode ser pecado. Neste caso, não há pecado, pois o esquecimento escusa totalmente.
'Ah, mas no feijão que eu comi tinha gordura de carne'… Ora, a Igreja, atualmente, diz que a abstinência se faz apenas da carne, podendo-se consumir o molho ou a gordura. A norma anterior, que proibia o consumo, foi abrogada.
'Ah, mas não sei se é festa ou solenidade'… Tente ver essa informação na internet. Se não encontrar, procure substituir a abstinência, caso não possa fazê-la, por uma oração simples.
Portanto, o único caso em que comer carne na sexta-feira é pecado mortal é o de quem comeu de propósito, desprezando o preceito da Igreja, e não substituiu essa omissão por alguma obra de piedade".
O pe. José Eduardo finaliza com um pedido:
"Pelo amor de Deus, parem de incomodar os padres com essas questiúnculas. E aos formadores virtuais de consciência, fica o recado: aprendam de uma vez por todas a não dar normais morais às pessoas sem que elas sejam capazes de cumpri-las com a virtude da prudência. Não podemos contar com a destreza prudencial do fiel moderno!".