Para o Advento, é sempre o mesmo refrão. “O Advento é um tempo de espera, etc.” Então fingimos esperar. Fingir? Sim, porque sabemos que Jesus já veio. Então, qual é o significado do Advento?
O ano litúrgico já começou. O Advento já voltou. Ele volta sempre demasiado cedo. Ele nos lembra que o Natal está à nossa porta, que teremos que pensar muito para encontrar presentes para oferecer, sem mencionar o medo de nos arruinarmos. Mas qual é o sentido de esperar por um evento que já aconteceu? Em qualquer caso, esperar por Cristo durante um mês, uma hora por semana, ou quatro horas no total, não transformará dezembro em uma sala de espera gigante. Já que o sacerdote diz em cada Missa que temos de esperar (se vamos todos os dias, fica cansativo), vamos esperar.
À espera de um nascimento que já ocorreu
Há algo de estranho nisto. Esperamos a volta de Cristo, sim, em glória, no dia do Juízo Final, o dia em que ressuscitaremos com Ele, com nosso corpo. Esta expectativa é compreensível, marca o futuro e a esperança. Mas por outro lado, como podemos esperar por um nascimento que já aconteceu?
Na realidade, o Advento não é uma expectativa. Não temos de esperar por Aquele que se encarnou para sempre. Ele nos precede em tudo. Se há alguma expectativa, é do ponto de vista litúrgico, quando o novo ano se desenrola para nos fazer viver o que Jesus já viveu, para receber as graças que Ele deu a todos. A espera é pedagógica, teatral, é a memória dos mistérios, a celebração das etapas da salvação. Esta espera não o faz esperar por nada. Ela nos coloca na presença d’Aquele que vem todos os dias para nos oferecer sua graça. Ele é o único que faz a antecâmara.
O Advento não é uma expectativa, é uma oportunidade para começar de novo
Precisamos de ritmos, partidas, um pouco como as crianças que tanto amam abrir um novo caderno no início do ano escolar. A vida de oração, devastada pelo protetor solar do verão, precisa de um começo muito atrasado. Não se trata de fazer as mesmas coisas, mas de aprofundar. Como podemos aprofundar sem nos repetirmos? Escutando com mais atenção os Evangelhos da Missa, lindos nesta época do ano. Eles também devem ser preparados, recomeçados e “trazidos de volta” durante a semana.
Frei Thierry-Dominique Humbrech