Paulo encontrou Pedro duas vezes. Eles se cruzaram em Antioquia, em uma ocasião de conflito. Por fim, encontraram-se em Roma na época de Nero.
Não foram martirizados no mesmo dia nem no mesmo ano. Sua festa litúrgica representa talvez a memória da transferência de suas relíquias em um tempo de perseguição.
Por que, então, eles sempre aparecem juntos?
Simão Pedro poderia ser chamado “Simão Rocha”. “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). Firme. Não que Pedro fosse muito sólido, pelo contrário, os impulsos do seu coração eram breves - ele queria andar sobre o mar, mas afundou; ele seria o último a abandonar Jesus, mas o primeiro a negá-lo.
O que é sólido, na verdade “infalível”, é a sua fé. A fé como um carisma, que não provém nem da carne nem do sangue, mas do Pai.
Com isso podemos então entender quais são “as chaves do Reino”: a autoridade de Pedro e seus sucessores é necessária para manter a Igreja na verdade e, portanto, em unidade.
Mas a liberdade de Paulo é necessária para manter a Igreja na novidade do Espírito Santo, um sopro imprevisível em um mundo em mudança. Sem a audácia paulina, a fidelidade corre o risco de se orgulhar, se degradando então em rigidez, bem como a unidade em uniformidade.
Mas sem a vigilância petrina, a diferença também poderia transformar-se em orgulho, tornando-se então divergência, enquanto a missão era exposta a compromissos.
Portanto, este duplo apadrinhamento é precioso e não devemos desconsiderá-lo: São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Padre Alain Bandelier