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Carta aberta para um bebê no ventre de sua mãe

PREGNANCY,
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Edifa - publicado em 28/07/20
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Oferecemos a você cinco cartas que te farão viajar pelas diferentes idades da vida. Hoje, mergulhe nesta carta destinada a um bebê no ventre de sua mãe, mestre de simplicidade e de uma vida interior que leva ao essencial

Querido filhinho:

Você recebeu uma alma desde a sua concepção e entende os mistérios ocultos dos sábios e dos instruídos. Você nos leva ao essencial invisível, nos dá um segredo: que a grandeza da vida não é medida, não é pesada e não é contada.

Ao ouvir seu coração bater no ventre de sua mãe, você nos convida a parar de passar nossos dias através da peneira de critérios externos de sucesso. Os adultos são obcecados em ter sucesso na vida. Pouco se importam em ter sucesso em sua morte. Mas o que é uma vida de sucesso, afinal?

A ascensão social e profissional, uma grande jornada acadêmica, casar, ter filhos e “morrer miseravelmente para não se arrepender de nada”, como dizia o cantor e compositor francês Daniel Balavoine? Tudo isso é bom, mas se você fizer da realização visível, tangível e palpável um absoluto, então não conseguirá nada na vida.

Portanto, não entendemos o que dá valor à vida, porque você nos confia o tesouro das almas humildes e reza com o salmista esse canto da infância: “Senhor, meu coração não se exaltou, nem meus olhos são arrogantes; nem andei em grandezas, nem em coisas maravilhosas demais para mim. Ao invés disso: eu me sosseguei e tranquilizei minha alma, tal como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança! Ponha sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre”. (Salmo 131).

Você nos ensina a manter nossa alma “calma e tranquila”, para nós que enchemos nossas vidas com barulho. Você também nos ensina a depender do outro, você que está ligado dentro de sua mãe à respiração e ao sangue dela. Muitas vezes esquecemos que o espaço da nossa vida só se desdobra no coração dos outros e, finalmente, no coração de Deus.

Até entendermos isso, estaremos sempre apinhados em nossos próprios corações. Você nos faz entender o que não está nos livros, o que o Senhor Deus quer dizer quando a sarça revela seu nome misterioso: “Você dirá ao Faraó – aquele que mata as crianças e reduz o homem à sua força de trabalho -: Eu sou quem eu sou”.

Deus se revela por quem ele é e não primeiro pelo que ele faz. Em outras palavras, o Senhor não se permite ser medido por posses ou realizações. É Deus, simplesmente. Nós tendemos a dizer “eu sou o que tenho, sou o que faço”, em vez de dizer “eu sou quem sou”.

Bebezinho, você é parecido com Deus. Você nos convida a nos alegrar por sermos “servos inúteis” (Lc 17,10) num mundo em que o ser humano se torna cada vez mais uma mercadoria. Você não “serve”, como beleza e como essencial. Aí está a tua glória inalienável. Quão grande é a de ser inútil, a de não ser amado primeiro pelo que você contribui, mas pelo que você é! Deus queria você por você mesmo.

Bebezinho, mestre da simplicidade e da vida interior, certamente perdi muito da minha infância. Ajuda-me a reconquistá-la através da santidade.

Padre Luc de Bellescize

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