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Como preparar seu filho para o futuro?

FAMILY
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Edifa - publicado em 06/04/21
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Crescer no amor – o amor de Deus e o amor pelos outros – pressupõe que comecemos sendo nós mesmos. A família é chamada a ser este meio privilegiado onde cada um, sabendo que é amado incondicionalmente, aprende gradualmente a ser o quem profundamente éViver em família significa descobrir e amar os segredos de si mesmo naquilo que lhe é único. É assim que nos tornamos livres. Não vivemos mais de acordo com os desejos dos outros ou como se fôssemos um personagem, mas a partir do nosso chamado mais profundo. No entanto, dar às crianças a oportunidade de serem elas mesmas não é fácil. Mas é possível!

Para tornar-se quem ela verdadeiramente é, a criança precisa de amor e verdade

Em sua Carta às Famílias (de 2 de fevereiro de 1994), São João Paulo II insiste longamente em duas palavras-chave: amor e verdade. Para se tornar ela mesma, a criança precisa poder contar sempre com o amor dos pais. Ela não deve ter medo de “desmerecer” esse amor, simplesmente porque o amor que seus pais têm por ela não é “merecido”, mas dado livre e incondicionalmente. É de Deus – o modelo de toda paternidade – que os pais aprendem a amar seus filhos. Ora, Deus não calcula o seu amor segundo os nossos méritos, mas segundo a sua ternura e misericórdia, que são infinitas. “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”  (1 Cor 13, 4-7).

“O amor, acrescenta São Paulo, se alegra com a verdade”: para tornar-se verdadeiramente ela mesma, a criança precisa da verdade. Ela precisa que seus pais a amem com um amor exigente como Deus nos ama, aquele que nos chama a dar sempre mais porque sabe do que somos capazes. Ao mentir para uma criança, seja para protegê-la ou, pior, para elogiá-la, é negar o direito de ela ser ela mesma. Por que tantos jovens hoje estão tão desesperados buscando um significado para suas vidas? Será que uma das causas não foram as mentiras contadas pelos adultos enquanto ele crescia? A criança e mais ainda o adolescente (apesar das aparências) precisa de referências. Eles precisam de pais que saibam dizer “sim” e “não”. Pais que ousam correr o risco de desagradar.

Nos tornar aqueles que realmente somos não se faz da noite para o dia

Na adolescência em particular, a personalidade é procurada por si mesmo e por aqueles que nos cercam de uma forma um pouco desconfortável. Mas isso é normal. E o adolescente deve saber observar, opor-se, criticar, ver todos os lados, tendo diante de si pais que sejam ao mesmo tempo exigentes e misericordiosos. Sem dúvida é mais fácil falar do que fazer diante das provocações adolescentes. É grande a tentação de cair na severidade e intransigência ou na simples permissividade. A criança, seja qual for a sua idade, precisa ter diante de si adultos de verdade que saibam, quando necessário, afirmar, proibir e impor.

Ao mesmo tempo, os adultos precisam agir como o Pai do filho pródigo, que estava de braços sempre abertos, prontos para perdoar. Perdoar, como sabemos, não consiste em esquecer a falta (o que seria uma forma de mentira), mas em ir além dela. Ao perdoar, os pais mostram que não estão reduzindo a criança ao seu comportamento falho. Ela pode ter desobedecido, roubado, mentido, mas ela não é apenas um ladrão ou um mentiroso. O perdão recusa-se aos rótulos que, assim como os elogios exagerados, prendem a criança a uma falsa imagem dela mesma. Só o perdão – a expressão de um amor verdadeiro – permite à criança (ou ao adolescente) caminhar sem medo na descoberta de quem ele é profundamente. “A identidade maior de todo homem e de toda mulher consiste na capacidade de viver na verdade e no amor; mais ainda, consiste na necessidade da verdade e do amor, dimensão constitutiva da vida de uma pessoa. Esta necessidade de verdade e de amor abre o homem a Deus e também às outras criaturas”, nota São João Paulo II na Carta às Famílias. Porque é na doação de si que nos encontramos.



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Christine Ponsard

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