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Entre o Quênia e a Somália: terroristas impõem aos cristãos o seu reinado de terror

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Ajuda à Igreja que Sofre - publicado em 06/04/15
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Sangue e violência “brutal e sem sentido”, denuncia o papa Francisco
No dia 2 de abril, os terroristas do grupo extremista islâmico Al Shabaab, da Somália, invadiram o campus universitário de Garissa, nordeste do Quênia, mataram 148 estudantes e feriram 79: uma violência "brutal e sem sentido", como a definiu o papa Francisco.

A ação foi ditada pela perseguição religiosa: a falange islamita dividiu os estudantes por crença e matou os que eram cristãos. “A razão, antes mesmo que a fé”, comentou o cardeal italiano Angelo Bagnasco, “não pode deixar de condenar uma crueldade tão bárbara, premeditada, contra as minorias, especialmente contra os cristãos e só por serem cristãos. Por que tanta barbárie comprazida e exibida? Por que não parar nem mesmo diante de crianças e de gente indefesa?”.

No Quênia, a maioria da população é cristã (84,4%). Vêm em seguida os muçulmanos (9,7%) e outras religiões minoritárias. O país tem sofrido nos últimos anos os terríveis ataques terroristas do Al-Shabaab, que se tornou mundialmente conhecido após atacar o Shopping Westgate, na capital, Nairobi, e matar 68 pessoas, algumas delas por não saberem recitar passagens do alcorão ou por desconhecerem o nome da mãe do profeta Maomé.

Já na vizinha Somália, 99,8% da população (10,2 milhões de pessoas) é muçulmana. A liberdade religiosa é inexistente para a pequena minoria cristã, brutalmente perseguida pelos extremistas. Nas áreas controladas pelo Al-Shabaab, não está em vigor nenhuma constituição formal: o que é aplicado é uma versão radical da sharia, que não deixa espaço algum para outras religiões. Quem é acusado de trocar o islã pelo cristianismo é preso sem qualquer garantia legal ou executado sem julgamento. O apedrejamento é o castigo para o adultério. As mãos são decepadas em casos de roubo. Nos territórios sob o domínio do Al-Shabaab, antigos santuários e cemitérios sufistas foram destruídos, assim como cinemas públicos, restaurantes e locais de lazer. A versão radical da sharia não permite que os residentes se vistam como ocidentais, assistam a jogos de futebol, cantem ou dancem em casamentos e organizem eventos esportivos. O obscurantismo afeta seriamente a vida de todos nessa parte da África.

No Quênia, a organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) mantém programas humanitários e educacionais para quem vive sob constante ameaça. Em 2012, foi lançada com seu apoio a Rádio Akicha, que transmite da diocese queniana de Lodwar e é voltada aos Turkana, etnia de fé cristã. A programação educativa e pastoral inclui notícias, música e reflexões religiosas. “Até os muçulmanos ouvem as transmissões com interesse”, conta o pe. Avelino Bassols, da comunidade missionária local de São Paulo Apóstolo, “a ponto de alguns deles terem comprado a Bíblia para aprofundar nos textos sagrados que escutam na rádio”.

Educação, comunicação, diálogo: estas são as palavras-chave com que a AIS vem trabalhando no Quênia e na Somália para conciliar os dois países vizinhos. O papel da Rádio Akicha tem sido crucial: “É um meio de comunicação que realiza muita coisa”, diz dom Dominic Kimengich, bispo de Lodwar, “desde a luta contra a propagação do HIV até o apoio pastoral aos fiéis. Contribuímos para a formação e para a educação dos jovens”.

Este exemplo de educação e diálogo pode ser a base para evitar tantas mortes, como fez votos o papa Francisco na Via Sacra desta Sexta-Feira Santa.

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