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Por que São João Paulo II propôs os mistérios luminosos do rosário

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Philip Kosloski - publicado em 23/05/17
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Ele não foi o primeiro: a inspiração pode ter vindo de um santo que ele canonizou no ano anterior à propostaQuando nós, católicos, rezamos o rosário, vamos meditando sobre vários acontecimentos da vida de Jesus Cristo enquanto repassamos, em filial união com Maria, os assim chamados mistérios da Salvação. Essa forma de oração e devoção mariana foi desenvolvida em 1214 por São Domingos de Gusmão.

Originalmente, São Domingos desenvolveu os mistérios do rosário como um método catequético para ensinar a fé da Igreja às pessoas desencaminhadas pela heresia albigense. Ele agrupou os mistérios em gozosos, dolorosos e gloriosos, com a intenção de ajudar o fiel cristão a se envolver em momentos essenciais da vida de Jesus.

Enquanto refletia sobre esses mistérios, São João Paulo II observou uma “lacuna”. Em 2002, ele escreveu a encíclica “Rosarium Virginis Mariae”, na qual comenta:

“Para ressaltar o caráter cristológico do rosário, considero oportuna uma incorporação que, embora fique à livre consideração dos indivíduos e da comunidade, lhes permita contemplar também os mistérios da vida pública de Cristo desde o Batismo até a Paixão”.

São João Paulo II queria que o rosário se tornasse um “compêndio do Evangelho”, incluindo uma meditação que “também se volte a momentos particularmente significativos da vida pública”. Foram então propostos os “mistérios de luz” ou “mistérios luminosos”:

1) O Batismo no Jordão

2) As bodas de Caná

3) A proclamação do Reino de Deus

4) A Transfiguração

5) A instituição da Eucaristia

É interessante saber que, embora não tenha manifestado publicamente a fonte desta inspiração, São João Paulo II beatificou, um ano antes, em 2001, o sacerdote carmelita São Jorge Preca, de Malta. A biografia do Vaticano destaca que este sacerdote, “em 1957, sugeriu o uso de cinco mistérios de luz para a recitação privada do rosário”.

De acordo com os carmelitas, a divisão de Preca dos mistérios da luz guarda notável semelhança com a proposta de São João Paulo II:

1) Depois do batismo de Jesus no Jordão, Ele foi levado ao deserto.

2) Jesus se revela como verdadeiro Deus pela sua palavra e milagres.

3) Jesus ensina as Bem-Aventuranças no monte.

4) Jesus se transfigura na montanha.

5) Jesus tem sua Última Ceia com os Apóstolos.

São João Paulo II nunca afirmou que São Jorge Preca tivesse inspirado a sua decisão, mas ambos os santos viram a oportunidade de fazer com que o rosário refletisse de modo mais completo a vida de Cristo.

Uma sugestão, não uma obrigação

Além disso, embora a introdução dos mistérios luminosos do rosário tenha o peso do respaldo papal, São João Paulo II também deixou claro que essa proposta não é uma imposição à devoção pessoal.

“Esta indicação não pretende limitar uma conveniente liberdade na meditação pessoal e comunitária, segundo as exigências espirituais e pastorais e, principalmente, as coincidências litúrgicas que podem sugerir oportunas adaptações. O realmente importante é que o rosário seja compreendido e experimentado cada vez mais como um itinerário contemplativo”.

São João Paulo II, em suma, quis facilitar a oração dos indivíduos. Ele percebeu nos mistérios luminosos uma forma de ajudar os fiéis a entrarem mais a fundo na vida de Jesus e uma “verdadeira introdução à profundidade do Coração de Cristo, abismo de regozijo e de luz, de dor e de glória”.

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