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O milagre de Hiroshima: uma lição do Santo Rosário aos que temem uma guerra nuclear

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Padre Paulo Ricardo - publicado em 04/06/18
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Durante a Segunda Guerra Mundial, a providência divina iria se encarregar de mostrar como a mensagem de Fátima estava correta e a Liga das Nações estava errada sobre o modo de alcançar a paz“A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior” [1], avisou a Virgem Maria aos três videntes de Fátima, no dia 13 de junho de 1917.

Em 1939, fatalmente, o mundo testemunhou a triste sina predita por Nossa Senhora, com um conflito bélico que levou milhões de pessoas à morte. A tentação do poder quase transformou o século XX no “século do nada”, e, mesmo depois de tantos anos, ainda hoje o medo de um conflito nuclear ameaça a tranquilidade dos povos e é tema de discussões acaloradas entre os chefes de Estado.

Para estabelecer a paz no mundo, Nossa Senhora recomendou o remédio da oração e da penitência. A essência da mensagem de Fátima, como de todas as outras mensagens marianas, é a expiação dos pecados cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus.

“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” [2], perguntou a Virgem Santíssima a Jacinta, Francisco e Lúcia, na tarde de 13 de maio de 1917. Ao chamado do Céu os pastorinhos responderam prontamente com um: “Sim, queremos”. Dali em diante, as três crianças dariam provas de uma santidade incontestável, seja pela fidelidade à récita do Rosário, seja pelas severas mortificações a que se submeteriam, causando vergonha a muitos adultos.

O mundo pagão, no entanto, preferiu a “segurança” dos acordos políticos às Ave-Marias do Terço. A Liga das Nações, criada em 1919 pelos países vencedores da guerra, surgiu com o objetivo de assegurar a paz mundial por meio de sanções e decretos diplomáticos.

Mas a agressividade da Segunda Guerra Mundial e as loucuras dos regimes totalitários provaram que o homem necessita de muito mais que memorandos para ordenar as suas paixões. A Liga das Nações mostrou-se um completo fracasso, cedendo lugar à Organização das Nações Unidas (ONU), que hoje corre o risco de cometer o mesmo erro de sua predecessora, pela insistência em uma política anticristã e avessa à soberania dos Estados.

Sua Santidade, o Papa Pio XI.

Na encíclica Ubi Arcano Dei Consilio, a primeira de seu pontificado, o Papa Pio XI alertou para uma “paz ilusória, escrita apenas no papel”, que é incapaz de reavivar sentimentos nobres na alma dos homens. Para estabelecer a paz, o Papa insistiu na mesma recomendação da Virgem Maria: o retorno à fé cristã e uma vida de piedade sincera, tendo por finalidade instaurar o reino de Cristo entre os homens. Durante a Segunda Guerra Mundial, a providência divina iria se encarregar de mostrar como a mensagem de Fátima e a encíclica de Pio XI estavam corretas e a Liga das Nações estava errada.

No dia 6 de agosto de 1945, data em que a Igreja celebrava a festa da Transfiguração, os Estados Unidos da América, sob a liderança do presidente Harry Truman, lançaram sobre a cidade japonesa de Hiroshima a primeira bomba atômica da história, causando uma destruição sem precedentes e a morte instantânea de 80 mil pessoas número que chegaria mais tarde a 140 mil, dado o efeito da radiação.

Dias depois, foi a vez de Nagasaki sofrer as consequências da nova arma. Curiosamente, as duas cidades abrigavam a maior parte dos católicos japoneses, após décadas de perseguição e sobrevida na clandestinidade. “Nós certamente podemos supor que as bombas atômicas não foram lançadas por acaso. A questão é, portanto, inevitável: por que estas cidades do Japão foram escolhidas para o abate?”, questionou o Cardeal Giacomo Biffi em seu livro de memórias.

Na verdade, as atas da Comissão do Alvo mostram que as condições geográficas pesaram muito mais para a escolha que qualquer religiosidade das cidades — Hiroshima e Nagasaki seriam um local com maior chances de destruição. Nagasaki, aliás, nem era considerada uma opção nas primeiras reuniões. Em todo caso, a tragédia matou dois terços dos católicos no Japão.

No centro de Hiroshima, onde caiu a primeira bomba atômica, vivia um grupo de oito padres jesuítas, que há anos fazia pastoral no Japão. A explosão da Little Boy devia ter arrasado a comunidade desses sacerdotes, assim como arrasou mais de dois terços dos edifícios da cidade. Mas, milagrosamente, nem o edifício nem os padres sofreram qualquer efeito da bomba.

Quando os médicos os avaliaram e descobriram que não havia qualquer contaminação em seus organismos, os jesuítas encontraram uma única explicação para o fenômeno. “Nós sobrevivemos”, explicou o pe. Hubert Schiffer, “porque estávamos vivendo a mensagem de Fátima: rezávamos o Rosário diariamente, naquela casa”. Todos os oito membros da Companhia de Jesus viveram até meados da década de 1970, sem qualquer prejuízo pela radiação da arma.

Quando a bomba explodiu, os padres Hugo Lassalle, então superior dos jesuítas no Japão, Hubert Schiffer, Wilhelm Kleinsorge e Hubert Cieslik, estavam na casa paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, enquanto os demais estavam nos arredores da paróquia. Um deles celebrava a Missa e os outros tomavam café. O templo foi um dos únicos edifícios que ficaram de pé após a explosão. O padre Schiffer relatou toda a história no livro, em inglês, “O Rosário de Hiroshima”.

Em Nagasaki, algo semelhante ocorreu com os frades franciscanos de São Maximiliano Kolbe, conhecidos por sua intensa devoção mariana. Antes da guerra, São Maximiliano havia decidido fundar seu convento em uma região de Nagasaki diferente da que lhe tinham proposto inicialmente.

Quando a bomba caiu, a 9 de agosto de 1945, o convento foi protegido da explosão pela intervenção de uma montanha que existia naquelas proximidades, de modo que, tanto em Hiroshima quanto em Nagasaki, podemos ver a mão protetora de Maria, agindo em favor daqueles que se dispuseram a viver a sua promessa em Fátima.

Nagasaki após a bomba, 9 de agosto de 1945.

Outro fato curioso sobre o “milagre de Hiroshima” é que a visão que os moradores tiveram segundos após a explosão da bomba atômica foi semelhante ao “Milagre do Sol”, realizado pela Virgem Maria na última aparição de Fátima, a 13 de outubro de 1917. Depois de ter confidenciado várias profecias aos três pastorinhos, Nossa Senhora fez o Sol bailar no céu e se precipitar sobre a terra, na presença de 70 mil pessoas. Conforme relatos dos sobreviventes de Hiroshima, a explosão da Little Boy causou um brilho tão forte, que parecia que o Sol havia caído sobre a Terra. A própria data da explosão, 6 de agosto, coincide com a festa litúrgica da Transfiguração do Senhor, quando Jesus se transfigurou na frente dos discípulos, tornando seu rosto resplandecente como o Sol e suas vestes brancas como a luz (cf. Mt 17, 2).

O que os acordos políticos da Liga das Nações não conseguiram fazer, afinal, as Comunhões reparadoras e as piedosas Ave-Marias do Rosário de oito jesuítas fizeram. Foram as orações e a fidelidade à mensagem de Fátima que salvaram aqueles pobres sacerdotes, não a paz ilusória dos papéis. Esse testemunho eloquente do poder da oração só mostra que a resposta para a violência no mundo está mais na cruz de Cristo que nas recomendações da ONU, essa organização globalista que se revela cada vez mais autoritária e anticristã.

Por fim o meu Imaculado Coração triunfará” [3], profetizou a Virgem Maria cem anos atrás. Que, a exemplo dos oito padres jesuítas de Hiroshima, os cristãos de hoje vivam logo esse triunfo.

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