Em breve, cada aperto de mão voltará a ser a imagem do pacto que firmamos juntos
Para uns, o indivíduo é tudo e a sociedade, nada. Para outros, a sociedade é tudo, e o indivíduo, nada.
Os primeiros são chamados individualistas. E os segundos, holistas.
O individualismo levado ao extremo alimenta o comportamento antissocial.
Já o holismo levado ao extremo alimenta o desprezo do indivíduo.
Nenhuma das duas concepções nos serve para enfrentar o drama da ruptura na sociabilidade causado pelo coronavírus.
Cuidado, portanto, com os dois extremos.
O individualista pensará que pode sair dessa sozinho. Mas não pode.
E o holista pensará que não importam as pessoas que a “mãe natureza” levar nessa doença. Mas elas importam.
A sociabilidade humana é a colaboração mútua entre os indivíduos.
Temos de continuar colaborando uns com os outros, pois só assim sairemos desta emergência o mais rápido possível.
É triste ver as imagens das lindas praças europeias vazias. É triste ver os jogos cancelados. É triste – e assustador – ver as ruas vazias.
Mas para conter o alastramento do coronavírus, tivemos de limitar a nossa sociabilidade. Ou melhor, estamos tendo de aprender a desenvolver novas formas de sociabilidade.
Agora já não podemos – temporariamente, claro – levar nossos filhos à escola. Não podemos frequentar aglomerações, não podemos apertar as mãos e nos abraçar.
Temos de manter distância uns dos outros. É um protocolo simples e eficaz. Faz parte desse novo modo de sociabilidade. É passageiro.
Que nestas semanas de acirramento do combate ao coronavírus, sejamos “individualistas” apenas no sentido de cuidar da nossa saúde e da saúde dos que nos cercam, não deixando que o vírus se alastre.
E sejamos “holistas” apenas na esperança de que em breve tudo passará.
Mas que em nenhum momento achemos que é cada um por si. E que de forma alguma desprezemos a vida dos outros, especialmente daqueles que já sofrem limitações e dificuldades.
E que após essa emergência, saibamos dar mais valor aos momentos em que estamos juntos, independente de nos conhecermos ou não. É bom poder estar ao lado uns dos outros nas ruas, nas praças e nas cidades.
É boa a proximidade de um olhar.
E, melhor ainda, um aperto de mão.
Pois cada aperto de mão voltará a ser a imagem do pacto que firmamos juntos, mesmo sem ter assinado qualquer documento sobre isso.
O pacto de que precisamos uns dos outros. E colaboramos uns com os outros. E continuaremos a fazê-lo; sim, continuaremos.