O amor e a conversão são as chaves para quem quer entender a Santíssima Trindade Em qualquer catequese que se faça a respeito da Santíssima Trindade, iremos nos deparar com a seguinte expressão “a Santíssima Trindade é um Mistério”. E se você ficou confuso com isso, não se espante, é só o primeiro parágrafo.
No Catecismo da Igreja Católica número 261, lemos um pequeno resumo:
“O Mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode nos dar a conhecê-lo, revelando-se com o Pai o Filho e o Espírito Santo.”
Ou seja, só podemos conhecer a Santíssima Trindade se Deus quiser e nos der esta graça (Mt 11, 27).
Não ajudou muito né? Calma! Vamos tentar desvendar este enigma. Não desista!
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, encontramos diversas passagens das manifestações da Santíssima Trindade: na Encarnação, quando o Anjo aparece à Virgem Maria (Lc 1 ,35), no Batismo de Jesus (Mt 3, 16-17), na Transfiguração no Monte Tabor (1 Pe 1, 16-18), ao criar o homem: “façamos o homem à nossa imagem” (Gn 1, 26); e em nós está, para que fôssemos também trindade: corpo, alma e espírito (1 Ts 5, 23). É verdade que ninguém nunca viu a Deus (Jo 1, 18). Mas, se ninguém nunca O viu, por que Ele quis se manifestar?
Imagine que você tenha um filho. Que pai ou mãe não deseja tudo de melhor para seu filho? Quem faz a experiência da paternidade ou maternidade descobre um amor que é capaz de dar a própria vida. Algo que não temos palavras para explicar. Se o filho passa por alguma doença, o coração aperta, dói. Se o filho está perdido, pai e mãe se angustiam e anseiam sua volta. Se somos assim com nossos filhos, imagine Deus Pai (Lc 15, 11-32)… Deus quis se manifestar para nos resgatar.
Deus nos quer de volta. Criou-nos para voltarmos para Ele. Estamos ordenados para este fim. Toda pessoa que tenta passar por outro caminho se perde (Jo 14, 6). É como andar para um lado sem luz, que fica cada vez mais escuro até que se perde a visão completamente. A única verdade é a do próprio cego (individualista e orgulhoso). Quanto mais afastados de Deus, de seu Caminho, de Sua Verdade, mais cegos, mais escravos do pecado.
Quando busquei a definição para a palavra “mistério”, entendi que ela só existe se não houver conhecimento. Ou seja, quanto menos conheço algo, mais será desconhecido, mais misterioso. É como conhecer uma pessoa pela primeira vez. Não sabemos se podemos brincar com ela, se ficará chateada com algo que falamos. Mas, quando passamos a conhecer melhor, frequentar a sua casa, fazer amizades com seus amigos, cada vez mais nos tornamos próximos. Chega ao ponto que basta um olhar para perceber se está triste ou alegre.
Querer entender o Mistério da Santíssima Trindade é o mesmo que querer conhecer o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O problema é que, como se diz na expressão popular: “querer não é poder”. Eu quero, mas como posso querer se não faço por onde merecer tamanha graça? Que bom saber que Deus é misericordioso e nos mostra o caminho usando diversos meios para isso: pela leitura Bíblica, através de uma pregação, e tantas outras formas, até mesmo pela internet (por que não?). Mas a Sagrada Comunhão é o melhor dos caminhos.
Precisamos olhar para dentro de nós, retirar toda casca das feridas de nossa alma, lavar a lama dos pecados, perfumar com virtudes o nosso jardim interior, muitas vezes pisoteado e sem flores. É preciso buscar dentro, e não fora, através da conversão diária uma verdadeira limpeza para poder enxergar Deus na intimidade, buscando contemplar a Santíssima Trindade dentro de nosso coração, mesmo que ainda não O vemos nitidamente, mas na certeza que um dia O contemplaremos face a face (1 Cor 13, 12).
E mesmo que você ainda não entenda este Mistério, confie no amor de Deus, a terceira Pessoa, fazendo com que se torne ação em sua vida. Para praticar o amor é preciso humildade: ajude nas tarefas domésticas, dê atenção a uma conversa mesmo que lhe custe alguma paciência, ligue para um amigo que não vê há muito tempo, exerça o amor, materialize humildemente esta verdade.
Volte-se para Deus, volte-se para dentro de si mesmo. A fé um dia não será necessária, pois veremos a Deus; a esperança também desaparecerá pois já estaremos no céu, mas o amor, esse jamais acabará (1 Cor 13, 13), pois é parte inseparável do Mistério da Santíssima Trindade.
Por Marcela Buback Del Antonio, do Hozana