Santos com nomes diferentes conforme a religião: este foi o tema de uma pergunta enviada ao pe. Cido Pereira, da arquidiocese de São Paulo. O sacerdote mantém uma coluna no jornal arquidiocesano e, por meio dela, esclarece diversas dúvidas e questionamentos dos leitores.
A propósito deste assunto, o pe. Cido explicou:
Eis a pergunta que recebo do Alcides dos Santos, do bairro da Liberdade, em São Paulo: 'Algumas pessoas dizem que São Cipriano é o santo dos bruxos; e que São Jerônimo, no Candomblé, é Xangô, o rei da justiça. Existem dois 'São Ciprianos' e 'São Jerônimos', ou um só, cultuado pelas duas religiões?'.
Alcides, preste bem atenção no que eu vou dizer a você: naquele período terrível em que vigorou no Brasil uma cruel escravidão, os missionários, com a boa intenção de tornar os escravos cristãos, os obrigaram a se batizar e a viver como católicos. Acontece que os escravos traziam de suas tradições culturais lá na África a fé e o culto aos seus deuses".
O pe. Cido prossegue:
"Naquela época, eles se encantaram com alguns santos católicos e passaram a identificá-los com algumas das divindades que cultuavam. Assim, Iemanjá foi identificada com Nossa Senhora, e outros santos nossos, como o bispo São Cipriano, que foi um mago convertido ao Cristianismo; ou São Jerônimo, que foi o grande santo responsável pela tradução da Bíblia em linguagem popular; além de São Jorge e os dois irmãos médicos, São Cosme e Damião. Este fenômeno que mistura elementos de várias religiões tem até um nome: sincretismo religioso.
A Umbanda misturou elementos do Candomblé, trazidos da África pelos negros, do catolicismo, que veio com os portugueses, e elementos indígenas, que já estavam aqui quando chegaram os descobridores.
Assim, respondendo à sua pergunta, Alcides: São Cipriano e São Jerônimo são cultuados de forma diferente pelos católicos e pelos umbandistas, mas se trata sempre das mesmas pessoas que serviram a Deus dentro da fé católica. Tudo isso faz pensar na cultura católica em que se formou o nosso Brasil. Foi à sombra da cruz fincada no solo do Brasil, assim que desembarcaram os portugueses, e foi em torno do altar da Eucaristia que nasceu o Brasil.
Tudo isso faz a gente pensar também na importância da evangelização, que permite purificar a nossa fé e nos manter fiéis à nossa tradição católica. Fique com Deus, meu irmão. Que Ele abençoe você e sua família".