O que a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe nos revela hoje

A América Latina tem características peculiares que a diferencia dos demais continentes: o solo fértil – como em vários outros pontos do planeta – e com uma diversidade cultural e étnica como em nenhum outro lugar. O povo é o resultado da miscigenação de índios americanos, negros de origem africana, além de espanhóis, portugueses, dentre tantos outros povos europeus e asiáticos.

A formação dos latinos é marcada por seu traço religioso. A colonização se deu inicialmente com o envio de grupos católicos (como os jesuítas, por exemplo) que procuraram evangelizar os que viviam nas Américas. A chegada de outros povos trouxe também outras culturas religiosas, como as de matriz africana. Com o passar do tempo houve não apenas a miscigenação social, mas também a religiosa e, com ela, o sincretismo religioso.

Diante de tudo isto, temos hoje uma América Latina com toda sua diversidade e também com seus problemas. Muitas culturas, muita riqueza, mas também muita fome, miséria, ditadura e conflitos sociais.

Todo ano, no dia 12 de dezembro, celebramos o dia de Nossa Senhora de Guadalupe, nome cuja origem seria o modo como o bispo, que era espanhol, entendeu o nome indígena pronunciado pelo índio Juan Diego: “captlaxopeuh”.

Além de todos os mistérios que cercam o afresco na tilma de Juan, um fato merece ser ressaltado: Nossa Senhora apareceu a um índio, ou seja, a um nativo latino. Em volta disto há uma linda representação: ela, na sua grandeza materna, nos mostra neste acontecimento o fato de que ela busca por seus filhos, sejam quem for, seja onde for. Afinal, é Mãe. E como tal, se preocupa com os seus problemas, e não se cansa até que se resolvam.

Santo Anselmo diz que é mais pelos pecadores do que pelos justos que Maria foi sublimada como a Mãe de Deus; do mesmo modo que Jesus disse de si próprio que veio para chamar não os justos, mas os pecadores. A divina Mãe tem, pois, uma certa obrigação de socorrer os miseráveis que se lhe recomendam, porquanto é a eles que é, por assim dizer, devedora de sua altíssima dignidade: Totum quod habes, peccatoribus debes (Tudo que você tem, deve aos pecadores).

Congratulemo-nos, portanto, com Maria, sim; mas congratulemo-nos também com nós mesmos e ponhamos nela toda a nossa esperança. “Façamos um ato de viva fé na maternidade divina de Maria, alegremo-nos com ela, agradeçamos a Deus por ela e protestemos que estamos prontos a dar a nossa vida em defesa desta verdade, como de todas as outras que lhe dizem respeito” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Na terceira aparição de Nossa Senhora a Juan Diego, ela lhe disse: “Escute, meu filho, não há nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, ao seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Acaso não escolhi pra mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe”.

Em contraste com o quadro desolador, o olhar da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, que tem ao centro uma família, traz-nos uma mensagem de esperança.

Segundo o cientista José Aste Tonsmann, que há mais de três décadas investiga as imagens encontradas nos olhos da Virgem de Guadalupe, essas nos apresentam uma mensagem de Nossa Senhora a favor da vida e da família em um momento em que ambas são duramente atacadas em todo mundo. Pela Providência Divina, “o avanço da tecnologia coincidiu com uma época em que a família é denegrida em todo mundo, por isso, podemos afirmar que a Virgem quis que nosso tempo a família seja posta em relevo”, diz Tonsmann.

Assim, voltemo-nos, neste tempo de Advento, Àquela que cuida de nós, pecadores. A rede social de oração Hozana preparou uma belíssima novena para que nós possamos nos aprofundar nessa devoção e confiar os nossos projetos e intenções à Virgem Santíssima de Guadalupe. Nesta novena, você descobrirá, todos os dias, um pequeno fato sobre as aparições e uma meditação que lhe ajudará a viver em plenitude esta devoção (clique aqui para participar).

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana