Recentemente, minha filha voltou da escola preocupada com uma garota que foi condenada ao ostracismo por toda a classe por ter dito a coisa errada a um colega. Ela não me contou o que foi, mas para minha filha ter sentido tal injustiça, o que a garota disse não pode ter sido tão ruim.
Conversei com minha filha e expliquei como esse comportamento é prejudicial, especialmente se ele continuar. Pedi a ela que falasse com a garota em questão no dia seguinte e ouvisse a história dela e tentasse entender por que ela disse o que disse. Seria preciso também que lhe fosse dada a oportunidade de pedir desculpas.
A cultura do cancelamento
Isso me fez pensar no que ouvimos com tanta frequência nos noticiários hoje em dia, de pessoas sendo rotuladas de esquerda, direita e centro. Também pensei sobre o efeito que isso está tendo em nós, adultos, e nas gerações mais jovens.
De fato, hoje ouvimos que pessoas estão sendo “canceladas” sem chance de redenção. Sentamos em nossas casa e, diante de nossas telas, desempenhamos o papel de juízes. Ouvimos certos lados de uma conversa, determinamos a culpa de uma pessoa e depois não apenas fazemos nosso julgamento, mas o compartilhamos com indivíduos que nem conhecemos. Nós nos tornamos uma multidão virtual que nega voz ao acusado.
Os efeitos prejudiciais para as crianças
Infelizmente, como na história da minha filha, essa noção de cancelamento está sendo infiltrada em nossos filhos. E esse pode ser o maior perigo da cultura do cancelamento. No playground, as crianças já podem ser bastante cruéis, mas agora, se uma criança cometer um erro, ela pode ser deixada de lado, ficando sem amigos. Isso pode deixá-las confusas, deprimidas e até com pensamentos suicidas.
É muito importante que as crianças percebam que podem cometer erros e se sintam apoiadas na tentativa de corrigi-los. Quando elas são “canceladas”, podem perder seu senso de valor. Esta é uma forma feroz de bullying.
Então, estou tentando convencer meus filhos a não fazerem julgamentos precipitados, a procurar o que há de bom em uma pessoa e a perdoar quando forem prejudicados. Sim, às vezes, seria mais fácil se afastar e “cancelar” aquela pessoa de sua vida, mas então onde está o espaço para crescimento e a misericórdia?
Embora eu mesmo tenha formado algumas opiniões sobre vários “cancelamentos”, estou tentando mantê-las para mim e praticar o que prego. E tenho sorte porque posso apontar para nossa fé para encontrar exemplos perfeitos para meus filhos imitarem quando se trata de abraçar aqueles que nos prejudicaram.
Afinal, a Bíblia está cheia de histórias de pecadores que se arrependeram e de um Pai amoroso que perdoou. Não seria diferente se Jesus e Seus apóstolos tivessem saído por aí cancelando todos aqueles que os prejudicaram?