A forte presença de São Miguel Arcanjo na capital da Ucrânia

Desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, as imagens da capital Kiev correram o mundo pela internet e pela TV. São cenas lamentáveis, de tristeza e atrocidades cometidas pela lógica perversa da guerra. Porém, diante dessas imagens, o planeta pode observar a forte presença de São Miguel Arcanjo na cidade

Russos e ucranianos, de fato, têm muita devoção a São Miguel Arcanjo. Acredita-se que desde a fundação da cidade, no ano de 882, os ucranianos confiaram a sua proteção ao "Príncipe da Milícia Celeste". Na verdade, era comum entre os povos antigos recorrerem com forte devoção aos santos geralmente ligados a histórias de lutas e batalhas, como São Miguel e São Jorge, por exemplo.

A devoção continua, é gigante e visível. Em Kiev, na Praça da Independência (Maidan), um símbolo da fé do povo ucraniano: uma estátua de São Miguel Arcanjo instalada no alto de um portal, o Portão Liadski.

A praça virou o símbolo da independência do país, conquistada em 1991. É palco de atividades de lazer, comemorações e até de protestos.

A imagem de São Miguel, feita em bronze e banhada a ouro, foi instalada no local em 2002 e fica próxima ao Monumento da Independência, que representa uma deusa da mitologia grega.

De fato, a imagem e a praça viraram cartões-postais da capital. Hoje, entretanto, são alvos dos olhares atentos do planeta por causa da guerra.

O arcanjo também marca presença nos símbolos históricos da cidade, como a bandeira, o escudo oficial e o brasão da cidade. Na bandeira, por exemplo, São Miguel aparece sobre fundo azul, com uma túnica branca e capa vermelha. Ele também carrega uma espada na mão direita e um escudo com a cruz na esquerda. A bandeira está sempre hasteada em frente aos prédios públicos.

Outro sinal da forte presença de São Miguel Arcanjo em Kiev é a catedral dedicada a ele. A igreja pintada de azul e com cúpula dourada é a sede da Igreja Ortodoxa Ucraniana.

O complexo religioso, que também abriga um mosteiro, foi construído no fim do Século XI e destruído pelos soviéticos na década de 1930. Depois que a Ucrânia ganhou a sua independência, o mosteiro foi reconstruído e entregue novamente aos fiéis em 1999.

O Metropolita Epifânio, o mais alto hierarca ortodoxo ucraniano, ao inaugurar uma fonte dedicada a São Miguel em setembro de 2020, enfatizou que os santuários mais importantes da cidade são dedicados ao arcanjo para, "testemunhar que temos uma história milenar e que nosso estado ucraniano e nossa Igreja ucraniana têm raízes históricas”.

Em 2021, em seu sermão por ocasião da festa de São Miguel, o Metropolita Epifânio se referiu ao arcanjo protetor de Kiev como “intercessor de todos aqueles que lutam contra o mal e a mentira”. E por isso exortou os fiéis a "lutar contra a falsidade, lutar pela paz e pela unidade na Ucrânia", com a convicção de que "vamos vencer esta luta porque lutamos pela verdade, dignidade e liberdade".