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O título de “esmoleiro pontifício” não é pejorativo e esnobe?

KONRAD KRAJEWSKI, ESMOLEIRO PONTIFÍCIO OU MINISTRO DA CARIDADE
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Francisco Vêneto - publicado em 28/04/22
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O termo “esmola” é visto pelo mundo como depreciativo, mas o seu sentido cristão é muito diferente

Existe na Cúria Romana um cargo muito peculiar chamado "esmoleiro pontifício" ou "esmoleiro apostólico". Trata-se do responsável por realizar ações de caridade em nome do Papa junto aos necessitados. A instituição desse cargo remonta ao século XIII e as suas atribuições foram definidas pelo Papa Beato Gregório X (1271-1276).

É, portanto, um cargo notavelmente nobre, já que envolve toda uma estrutura exclusivamente pensada e implementada para concretizar a prestação de ajuda para quem precisa.

A polêmica da "esmola" e as obras de misericórdia

Certa "polêmica", porém, acaba sendo (artificialmente) gerada pelo nome do cargo: "esmoleiro".

Sim, a palavra vem de "esmola" – um termo que, com o passar do tempo, foi sendo transformado em algo pejorativo. O seu sentido essencial na tradição católica, no entanto, é o de ajudar o próximo nas suas necessidades materiais, conforme ditam as obras de misericórdia corporal que o próprio Jesus nos pediu que realizemos:

Além das obras de misericórdia corporal, também existem as obras de misericórdia espiritual:

Não custa lembrar que é com base nessas obras de misericórdia que seremos julgados ao final da vida: "O que fazeis a qualquer dos meus irmãos, é a Mim que o fazeis", disse Jesus.

Pois bem, a finalidade essencial da existência do esmoleiro pontifício é promover e impulsionar a realização das obras de misericórdia na sociedade, particularmente em favor das pessoas mais carentes.

O atual esmoleiro pontifício

KONRAD KRAJEWSKI

Quem ocupa o cargo atualmente é o arcebispo polonês dom Konrad Krajewski. Doutor em Liturgia, ele fez parte da equipe de mestres de cerimônia pontifícios entre 1998 e 2013, quando foi apontado para a nova função. Ao designar Krajewski como esmoleiro, segundo relato do próprio arcebispo, o Papa Francisco lhe declarou:

Desde então, o departamento tem sido muito ativo. Nesses 8 anos, a esmolaria pontifícia foi a responsável, por exemplo, pela instalação de uma série de infraestruturas para melhorar a qualidade de vida de moradores de rua das proximidades do Vaticano, como albergue, chuveiros, barbearia e lavanderia.

Boa parte dos fundos usados para essas obras vêm da emissão de pergaminhos com a bênção apostólica em nome do Papa, que podem ser requisitados por fiéis leigos, clérigos, religiosos ou instituições. O valor a ser pago pelo certificado é inteiramente revertido para a esmolaria apostólica e para cobrir os gastos de sua preparação e envio.

Mas se todas essas obras de caridade são feitas, como indicam as atribuições do cargo, em nome do Papa, o fato é que Krajewski também percebeu a necessidade de fazer de toda a sua vida uma doação de amor aos mais necessitados. Alguns meses depois de ser nomeado para o cargo, ele passou a dormir no próprio escritório da esmolaria, dentro do Vaticano, e colocou o seu apartamento à disposição de famílias de refugiados.

Dom Krajewski na Ucrânia

O esmoleiro pontifício também tem exercido um papel crucial, em nome do Papa, na prestação de ajudas ao povo ucraniano martirizado pela guerra levada ao seu território pelo regime de Vladimir Putin.

Presente na Ucrânia desde poucos dias após o início do conflito, Krajewski foi o responsável pela coordenação de ajudas do Vaticano, que, além de dinheiro, comida, medicamentos e itens de primeira necessidade, enviou até ambulâncias para o país agredido.

Como as obras de misericórdia são também espirituais, Krajewski foi ainda o enviado especial do Papa Francisco ao Santuário de Fátima, em Portugal, para presidir localmente a cerimônia de consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, no dia 25 de março, festa da Anunciação do Senhor. O mesmo ato foi realizado simultaneamente pelo próprio Papa Francisco no Vaticano e por centenas de bispos em praticamente todos os países da Terra.

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