O governo de Pequim determinou que as igrejas devem submeter as suas finanças ao Partido Comunista Chinês (PCC). O regime ditatorial da China, um país que se vale explicitamente de mão de obra em condições de escravidão, pretende agora ditar as diretrizes para a gestão financeira de grupos religiosos presentes no território.
Segundo informações do portal Ucanews, o Ministério das Finanças e a Administração Estatal para Assuntos Religiosos (SARA) da China anunciaram que os "assuntos financeiros" das organizações religiosas serão "supervisionados" pelo Partido Comunista a partir de 1º de junho de 2022. A "supervisão" abrangerá receitas, despesas e doações.
O regime comunista alega que essa determinação "agilizará a gestão financeira de grupos religiosos que atuam em solo chinês". Com essa medida, a ditadura de Pequim pretende impossibilitar que os grupos religiosos considerados "clandestinos" utilizem igrejas e capelas reconhecidas pelo Estado.
Acontece que, para o regime chinês, são "clandestinas" quaisquer igrejas que não se submetam à vigilância e gestão direta do Partido Comunista, o que se aplica à Igreja Católica fiel à Santa Sé. O governo de Pequim considera legítima somente a parcela de fiéis que foi obrigada a se filiar à assim chamada Associação Católica Patriótica Chinesa, que de católica tem apenas o nome: trata-se, na verdade, de uma entidade criada pelo próprio Partido Comunista para manter os fiéis sob seu controle.
Católicos fiéis à Santa Sé, tidos como clandestinos pelo governo chinês, se disseram preocupados com as novas regras, que, a seu ver, são mais uma forma de pressão para que as igrejas se rendam ao Estado e à sua política de sinicização. Trata-se de uma ideologia que, alegando defender a legítima cultura chinesa, impõe na prática uma estrita adesão ao Partido Comunista.
As medidas de controle de grupos religiosos vêm se intensificando no país. Em fevereiro, o governo comunista criou um banco de dados para cadastrar e monitorar todos os cidadãos que se declaram religiosos, particularmente o clero católico. Em março, proibiu todos os sites religiosos de divulgarem conteúdos sem permissão prévia. Ao longo de meses anteriores, o regime vinha fechando sistematicamente igrejas e conventos que não se submeteram ao Partido Comunista.