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Sob atual ditadura da Nicarágua, Igreja sofreu 190 ataques em 4 anos

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Francisco Vêneto - publicado em 13/06/22
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Reeleitos entre fortes acusações de fraude, Daniel Ortega e Rosario Murillo, sua mulher e vice-presidente, vêm intensificando a perseguição à Igreja Católica

Sob a atual ditadura da Nicarágua, a Igreja Católica já sofreu 190 ataques em 4 anos, incluindo um incêndio criminoso na catedral da capital, Manágua. Muito mais grave que as profanações e atentados contra os templos, porém, é a perseguição contra bispos e padres perpetrada pelo regime de Daniel Ortega.

Em 2021, Ortega foi reeleito presidente do país sob abundantes acusações de fraude eleitoral e de perseguição política contra os candidatos adversários. As ilegitimidades são tão clamorosas que parte da própria esquerda reconhece o caráter ditatorial do regime. O resultado das eleições fraudadas não é reconhecido pela maioria dos países latino-americanos, nem pela União Europeia, nem pelos Estados Unidos, entre outros países.

A advogada Martha Patricia Molina Montenegro, do Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção, recorda que o regime de esquerda chefiado por Daniel Ortega junto com sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, está no comando da Nicarágua, ininterruptamente, desde 2007. Em abril de 2018, uma violenta onda de protestos varreu o país. As manifestações foram reprimidas pelo governo com ainda mais violência, deixando pelo menos 355 mortos.

Martha observa que "antes de abril de 2018 os abusos contra a Igreja eram esporádicos. Depois dessa data, as hostilidades aumentaram e pioraram".

A perseguição contra a Igreja sob a ditadura da Nicarágua

Em seu relatório "Nicarágua: uma Igreja perseguida? (2018-2022)", a advogada registra que, desde 2018, a ditadura da Nicarágua "começou uma perseguição indiscriminada contra bispos, padres, seminaristas, grupos religiosos, leigos e tudo o que tenha relação direta ou indireta com a Igreja Católica". Mesmo atacada frontalmente, a Igreja tem tido "papel fundamental" em reagir à "crise de violações de direitos humanos que a Nicarágua enfrenta".

A reação da Igreja, afirma o relatório de Martha Molina Montenegro, tem despertado a fúria do "casal presidencial":

Ela acrescenta que, desde então, aumentaram também as ações de instituições públicas contra obras de caridade da Igreja.

Segundo o relatório de Martha Molina Montenegro:

    Durante os primeiros 5 meses de 2022, já se registraram mais 21 ataques, bem como o acirramento da perseguição contra dom Rolando José Álvarez, bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí.

    A agência católica de notícias ACI Prensa disponibiliza o relatório na íntegra, em espanhol.

    Apoio de Lula a Ortega

    Em novembro de 2021, durante entrevista ao jornal espanhol de esquerda El País e com imediata repercussão em outros veículos de mídia, o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, do PT, minimizou a ditadura do companheiro Daniel Ortega e comparou o tempo no poder do ditador da Nicarágua com o da ex-chanceler alemã Angela Merkel e o do ex-presidente do governo espanhol Felipe González:

    A lógica foi imediatamente apontada por uma das jornalistas que entrevistava Lula. Considerando que os democraticamente eleitos Angela Merkel e Felipe González estiveram no cargo de modo legítimo durante respectivamente 16 e 13 anos, ela rebateu:

    Declarando então que "não pode julgar o que aconteceu na Nicarágua", Lula fez uma comparação entre as prisões arbitrárias dos oponentes do ditador Ortega com a sua própria prisão no Brasil, efetivada após julgamentos por corrupção e lavagem de dinheiro. Atribuindo a sua condenação a um movimento ilegítimo voltado a facilitar a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro, Lula emendou que, se prendeu opositores, Ortega "está totalmente errado".

    Com a repercussão da entrevista de Lula, o PT divulgou nota acusando de falsidade e "má-fé" aqueles que afirmaram que Lula teria apoiado ditaduras de esquerda.

    Entretanto, em outra nota do início daquele mesmo novembro, conforme registrado pelo próprio jornal El País, o PT havia chegado a celebrar a eleição fraudulenta de Daniel Ortega, mas depois retirou a nota do seu site. Em matéria de 10 de novembro de 2021, intitulada "PT celebra eleição fraudulenta de Ortega na Nicarágua, mas volta atrás e tira nota do ar", El País registra:

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