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Como o cérebro percebe a beleza da natureza 

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Octavio Messias - publicado em 27/11/22
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Pesquisadores se dedicaram a entender o que muda no sistema de recompensas do cérebro com o impacto da beleza estética

Embora tantos insistam em viver como se estivessem à parte da natureza, não há como negar que dela dependemos para nos hidratar, nos alimentar, nos medicar, nos manter em uma temperatura suportável e até mesmo para respirar. E poucas coisas fazem uma pessoa se sentir presente, conectada e em paz quando em contato com a natureza.  

Basta um passeio pelo campo, especialmente nas regiões serranas, ou pelo litoral, para perceber como Deus foi um caprichoso esteta em sua criação. Nesse sentido, o Papa Francisco se coloca como um vigoroso defensor do meio-ambiente. O pontífice dedicou a encíclica Laudato Si', de 2015, ao tema do cuidado da casa comum e à preservação do meio-ambiente.  

No documento de 190 páginas, o Papa desenvolveu uma linha de pensamento que ele chama de “ecologia integral", que compreende como o homem, os animais e toda a vida na natureza estão interligados. “Tudo está conectado", escreveu o Pontífice três vezes ao longo do texto, no qual discorre sobre como o ser humano depende da Terra. 

Deleite estético

Estudar determinados campos como as artes plásticas, o cinema, a fotografia, a literatura ou até mesmo a música, nos ensina, nos dá repertório para apreciar com cada vez mais refinamento uma determinada obra. Mas não existe como ensinar alguém a apreciar as belezas naturais deste planeta, é algo que sentimos naturalmente. E agora a ciência explica como isso se dá no cérebro. 

Um time de pesquisadores do Instituto Max Planck de Estéticas Empíricas, na Alemanha, se dedicou a entender o que muda no sistema de recompensas do cérebro com o impacto da beleza estética. Para isso, eles monitoraram a atividade cerebral – através de um aparelho de neuroimagem por ressonância magnética funcional – de 24 participantes enquanto os mesmos assistiam a vídeos de belas paisagens naturais. 

"Átomos" de efeito positivo

O estudo revelou que neurotransmissores como a dopamina são responsáveis pela sensação de bem-estar com as imagens. “Quando vemos algo além das nossas expectativas, certas partes de tecido cerebral geram pequenos 'átomos' de efeito positivo", explica Edvard Vessel, autor sênior do estudo. “A combinação de tantos sinais de surpresa no sistema visual se somam para criar uma experiência de apelo estético.”

As recentes descobertas, publicadas na revista científica Frontiers in Human Neuroscience – não apenas contribuem com a nossa compreensão da beleza, como podem ajudar a expor como a nossa interação com o meio ambiente pode afetar nosso senso de bem-estar. Pois, de fato, como diria o Papa Francisco, “tudo está conectado".

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