Depois de se recusar a ser deportado com outros 222 presos políticos que foram levados de avião para os Estados Unidos na quinta-feira passada, 9 de fevereiro, o bispo nicaraguense dom Rolando Álvarez teve seu julgamento antecipado sem o devido processo legal e acabou condenado sumariamente a 26 anos de prisão pelo regime ditatorial de Daniel Ortega.
Segundo relatos da mídia, “Álvarez parou na escada do avião e disse: 'Deixem os outros livres. Eu suportarei o castigo deles'”.
Em discurso confirmando a deportação dos 222 presos políticos, o próprio Ortega afirmou que o bispo nicaraguense havia sido levado para o presídio La Modelo, para onde foi levada a maioria dos presos políticos oponentes à ditadura.
A imprensa da Nicarágua publicou que dom Rolando está isolado na cela de segurança máxima número 300, também conhecida como “infiernillo” ("inferninho"). Fontes ligadas à Igreja afirmaram ao Despacho 505, um portal independente local, que "pessoas do centro penitenciário disseram que ele foi levado para lá e está confinado na cela número 300, completamente isolado". De acordo com a mesma fonte, o bispo está sendo mantido em isolamento para impedir o seu contato com qualquer outro preso político.
Cabe indagar qual será o tão grande risco representado por este bispo ao regime de Ortega.
Uma boa pista para a resposta está nas acusações que o regime imputou a dom Rolando Álvarez: “divulgação de notícias falsas”, “conspiração”, “desrespeito à autoridade” e “obstrução agravada de funções”. Ou seja, ele questionou, criticou e denunciou abertamente as arbitrariedades da ditadura.
Entre seus castigos pelos alegados "crimes", o bispo foi privado até mesmo da nacionalidade nicaraguense.
Mais padres na mira da ditadura
Há vários outros homens da Igreja sendo perseguidos e ameaçados pelo regime de Daniel Ortega e sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.
Nesta semana, um sacerdote italiano foi expulso do país por ter defendido o bispo dom Rolando.
Confira no seguinte artigo: