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Nicarágua: bispo perde a cidadania e é isolado na cela “Inferninho”

Bispo Dom Rolando Álvarez, da Nicarágua, foi preso em cela chamada "inferninho"

Dom Rolando Álvarez, meses antes da sua prisão arbitrária pelo regime ditatorial de Daniel Ortega na Nicarágua

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Francisco Vêneto - publicado em 17/02/23
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Dom Rolando Álvarez, condenado sumariamente a 26 anos de prisão, foi encarcerado na cela 300, de segurança máxima

Depois de se recusar a ser deportado com outros 222 presos políticos que foram levados de avião para os Estados Unidos na quinta-feira passada, 9 de fevereiro, o bispo nicaraguense dom Rolando Álvarez teve seu julgamento antecipado sem o devido processo legal e acabou condenado sumariamente a 26 anos de prisão pelo regime ditatorial de Daniel Ortega.

Segundo relatos da mídia, “Álvarez parou na escada do avião e disse: 'Deixem os outros livres. Eu suportarei o castigo deles'”.

Em discurso confirmando a deportação dos 222 presos políticos, o próprio Ortega afirmou que o bispo nicaraguense havia sido levado para o presídio La Modelo, para onde foi levada a maioria dos presos políticos oponentes à ditadura.

A imprensa da Nicarágua publicou que dom Rolando está isolado na cela de segurança máxima número 300, também conhecida como “infiernillo” ("inferninho"). Fontes ligadas à Igreja afirmaram ao Despacho 505, um portal independente local, que "pessoas do centro penitenciário disseram que ele foi levado para lá e está confinado na cela número 300, completamente isolado". De acordo com a mesma fonte, o bispo está sendo mantido em isolamento para impedir o seu contato com qualquer outro preso político.

Cabe indagar qual será o tão grande risco representado por este bispo ao regime de Ortega.

Uma boa pista para a resposta está nas acusações que o regime imputou a dom Rolando Álvarez: “divulgação de notícias falsas”, “conspiração”, “desrespeito à autoridade” e “obstrução agravada de funções”. Ou seja, ele questionou, criticou e denunciou abertamente as arbitrariedades da ditadura.

Entre seus castigos pelos alegados "crimes", o bispo foi privado até mesmo da nacionalidade nicaraguense.

Mais padres na mira da ditadura

Há vários outros homens da Igreja sendo perseguidos e ameaçados pelo regime de Daniel Ortega e sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.

Nesta semana, um sacerdote italiano foi expulso do país por ter defendido o bispo dom Rolando.

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