A sexualidade conjugal conhece suas sombras e suas luzes. Uma vida sexual gratificante está constantemente se desenvolvendo e se purificando, da mesma forma que a vida de oração. A seguir, vejamos o conselho de um terapeuta matrimonial para alcançar a harmonia sexual no relacionamento
“A vida sexual do casal deve ser levada muito a sério”, afirma Nathalie Lœvenbruck, terapeuta de casais em uma empresa cristã de aconselhamento matrimonial.
De fato, a união conjugal é “o encontro” por excelência entre os cônjuges “ela encarna a profunda comunhão entre o casal, que vai muito além das palavras”.
Abandonar a sua intimidade sexual, desistir de enfrentar as dificuldades juntos é arriscar-se a se desapegar do outro, indo contra a vocação de se tornar “uma só carne” (Mc 10, 8).
E se a terra está deserta, grandes chances são de que a perda emocional gerada seja compensada em outro lugar. A infidelidade, sem necessariamente tratar-se do adultério, pode estar relacionada a uma dedicação excessiva com as crianças, ao trabalho, a amizades conturbadas e até a uma atração pela pornografia.
No entanto, aliar prazer à profundidade espiritual não é fácil. A sexualidade a qual os cônjuges são chamados é na verdade como um engajamento, uma combinação entre graça e vontade. Resta constantemente trabalhar e deixar-se purificar – como acontece com a vida de oração.
As dificuldades encontradas amadurecem o coração
Nathalie Lœvenbruck insiste na importância de uma palavra concreta, mas delicada, para entender melhor as diferenças e dificuldades do casal.
A queda ou desaparecimento do desejo pode ter várias origens, inclusive psicológicas ou espirituais.
Por exemplo, quando o corpo se vira de costas diante do outro, será que isso não se trata de uma paralisante falta de autoestima ou mesmo de uma falsa ideia de sexualidade que acabam degradando a relação? Ou uma ferida provocada na infância? Uma necessidade de perdoar algo? Uma dificuldade em se abandonar?
“Contudo, quaisquer que sejam as dificuldades enfrentadas, sempre é possível demonstrar amor e ternura”, diz Nathalie Lœvenbruck.
Porque, boa notícia: “a grande sorte dos cristãos é conhecer Aquele que os acompanha neste caminho de libertação da sexualidade”, diz a terapeuta, que enfatiza a riqueza dos ensinamentos da Igreja Católica.
A teologia do corpo elaborada por São João Paulo II também desinibiu gerações de cristãos que eram muito cautelosas com “assuntos sexuais”.
Se, apesar de se esforçarem, os cônjuges permanecerem em um impasse, Nathalie Lœvenbruck os exorta a levar em conta que as dificuldades pelas quais estão passando estão amadurecendo seus corações.
Elas nos permitem experimentar a misericórdia e seu corolário, a esperança: “Reconhecer humildemente suas dificuldades e, apesar de tudo, desejar amar a si mesmo com todo o seu corpo, significa sempre caminhar para a alegria de amar como Deus nos ama, num amor constantemente dado e recebido”.
Acolher juntos a pobreza conjugal já é uma postura de abandono. E então, não seria esse abandono – associado a uma crescente confiança nos outros e em Deus – um primeiro passo, uma porta de entrada, para a harmonia sexual?
Olivia de Fournas