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Nigéria: “tem sido terrível”, diz bispo ante número brutal de cristãos mortos

NIGERIA
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Reportagem local - publicado em 31/07/22
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Só no estado de Benué, e apenas nos dois últimos meses, pelo menos 68 cristãos foram mortos e muitos outros sequestrados ou forçados a abandonar a região

Decorreu no dia 21 de julho, na Catedral de São Pedro, na Diocese de Kafanchan, a cerimônia fúnebre do padre John Mark Cheitnum, assassinado a 15 de Julho, mas cujo corpo, já em decomposição, seria apenas descoberto quatro dias mais tarde. O “brutal assassinato” deste padre, como a diocese classificou o crime, é apenas um dos exemplos mais recentes da enorme violência que está a atingir a Igreja da Nigéria nos últimos meses.

Só no estado de Benué, e apenas nos dois últimos meses, pelo menos 68 cristãos foram mortos e muitos outros sequestrados ou forçados a abandonar a região. Estes dados fazem parte de um relatório enviado à Fundação AIS Internacional pelo Bispo de Makurdi, D. Wilfred Anagbe. 

O prelado afirma que “tem sido terrível” ter de lidar com esta situação, apontando o dedo às autoridades federais pela falta de acção perante esta onda de violência.

Terror

A Nigéria tem sido palco de constantes atos de terror nos tempos recentes, da responsabilidade de grupos terroristas, nomeadamente o Boko Haram, mas também de pastores nómadas Fulani e de malfeitores que transformaram os sequestros num proveitoso negócio.

O estado de Benué, onde está situada a diocese de Makurdi, fica na região central da Nigéria, onde se tem evidenciado a actuação dos pastores Fulani, maioritariamente muçulmanos, e que têm vindo a manifestar uma agressividade cada vez mais acentuada contra as comunidades agrícolas locais que são predominantemente cristãs. Esta situação é muito complexa pois, segundo o Bispo, terroristas disfarçam-se de pastores nómadas para encobrirem a verdadeira intenção dos seus ataques, que é a de expulsar os cristãos das suas terras.

Segundo o bispo, “a escala de assassinatos, deslocamentos e destruição arbitrária de propriedades por essas milícias jihadistas Fulani apenas reforça a agenda, agora revelada, de despovoar as comunidades cristãs na Nigéria e tomar as terras”. “O governo no poder na Nigéria continua a não fazer nada sobre esses ataques persistentes. Excepto para dar razões risíveis como ‘mudança climática’ ou que alguns muçulmanos também são às vezes mortos em ataques dos chamados bandidos.”

Fome

Além da morte de um número crescente de pessoas e a destruição de propriedades, os ataques dos pastores Fulani junto das comunidades cristãs estão a provocar também um espectro de fome nesta vasta região. O Bispo fala mesmo numa “escassez de alimentos insuportável e severa”, explicando que “o Estado de Benué é conhecido por ser a fonte de alimentos do país”.

Agora, por causa desta instabilidade, o “abastecimento de alimentos” está a ficar afectado. Como resultado, os agricultores agora precisam de ajuda para conseguirem sobreviver. “Esta precariedade faz com que muitos vivam em condições incompatíveis com a dignidade humana. Muitas vezes eles contam com rações alimentares fornecidas por outros, cuja condição económica não é nada melhor…”

A Diocese de Makurdi tem sido também directamente afectada por esta onda de violência, a começar no facto de abrigar cerca de 80 por cento dos deslocados do estado de Benué. O próprio Bispo afirma que o seu trabalho está a ficar comprometido por questões de segurança. “Há alguns anos que não consigo realizar actividades pastorais em partes da minha diocese”, diz D. Wilfred Anagbe.

(Com AIS)

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