Zacarias e Isabel são pessoas prototipicamente boas, mas são também as pessoas prototipicamente boas que, apesar da sua justiça e lealdade, experimentam dramas que as acompanham ao longo da vida.
O seu drama é representado pela impossibilidade de ter filhos.
Agora, idosos, eles se veem diante do anjo Gabriel, cujas palavras lhes anunciam a concepção de João Batista. A reação deve ser de alegria, mas o fato é que Zacarias parece reagir com repentina incredulidade: "Como é que eu vou saber que isto é verdade? Porque sou velho e a minha mulher é avançada em anos". Por esta mesma reação, o anjo lhe tira a capacidade de falar - e ele permanecerá mudo até recuperar a fala precisamente por causa do nascimento do filho.
Há coisas na vida que nos deixam sem palavras, mas há outras que no-las devolvem.
Parece que o Evangelho quer nos dizer que não devemos ter pressa em tirar conclusões sobre a nossa vida, mesmo quando parece que já é tarde demais para que algo em particular aconteça. Pelo contrário, devemos banir a frase "é tarde demais" do nosso vocabulário pessoal e, no lugar dela, manter a nossa confiança em Deus, que realiza o que Ele planta em nosso coração da forma mais imprevisível e nas horas mais inesperadas.
Acordarmos todas as manhãs significa que ainda há algo para vivermos nesta vida; algo que podemos continuar a esperar. Se deixarmos de esperar algo da vida, é um pouco como morrer. Deus é aquele que devolve a esperança a todos, mesmo a um idoso como Zacarias. É apenas questão de compreender como Ele age e como Ele quer que O recebamos.