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Passam de 370 as vítimas de seita cristã que jejuou até a morte “para ver Jesus”

mão sobre cruz em sinal de desespero
Francisco Vêneto - publicado em 17/07/23
Indícios apontam que pessoas que tentaram desistir podem ter sido asfixiadas

Segundo informações confirmadas na última semana pela polícia do Quênia, são pelo menos 372 os corpos encontrados em valas comuns na floresta de Shakahola, no sul do país. Trata-se de membros de uma seita cristã que foram induzidos fanaticamente a jejuar até a morte com o objetivo de "ver Jesus Cristo".

O trágico número deve subir ainda mais porque, segundo a delegada de polícia Rhoda Onyancha, as escavações em busca dos corpos ainda não foram concluídas: os trabalhos reiniciaram neste último 10 de julho, após semanas de paralisação. A Cruz Vermelha queniana estima que o número de vítimas da seita possa passar de 600.

Quase todas as vítimas cujos corpos já foram encontrados morreram na própria floresta, enquanto uns poucos chegaram a ser hospitalizados, mas acabaram falecendo em decorrência da gravidade do seu estado.

Em 27 de junho, o patologista Johansen Oduor declarou que, dos 338 corpos examinados até então, 117 eram de crianças e adolescentes e 201 eram de adultos, enquanto o estado de decomposição de outros 20 era tão avançado que não era possível determinar a sua idade.

As autópsias também apontaram que todos os corpos apresentavam sinais de inanição, mas alguns, em especial os das crianças, apresentavam também vestígios de estrangulamento e asfixia. De acordo com investigações preliminares, são indícios de que os membros da seita eram forçados a continuar jejuando quando tentavam desistir.

A polícia do Quênia prendeu até agora pelo menos 37 suspeitos de envolvimento no caso. O ministro do Interior, Kithure Kindiki, questionou a negligência das forças de segurança e da justiça do país, já que houve denúncias anteriores contra a seita e não foram tomadas medidas oportunas.

O líder da seita é o pastor Paul Mackenzie, da Good News International Church. Ele está preso desde 14 de abril. Segundo a polícia, Mackenzie plantou hortaliças e outras verduras sobre as valas comuns, o que dificulta a procura pelos corpos.

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