Segundo informações confirmadas na última semana pela polícia do Quênia, são pelo menos 372 os corpos encontrados em valas comuns na floresta de Shakahola, no sul do país. Trata-se de membros de uma seita cristã que foram induzidos fanaticamente a jejuar até a morte com o objetivo de "ver Jesus Cristo".
O trágico número deve subir ainda mais porque, segundo a delegada de polícia Rhoda Onyancha, as escavações em busca dos corpos ainda não foram concluídas: os trabalhos reiniciaram neste último 10 de julho, após semanas de paralisação. A Cruz Vermelha queniana estima que o número de vítimas da seita possa passar de 600.
Quase todas as vítimas cujos corpos já foram encontrados morreram na própria floresta, enquanto uns poucos chegaram a ser hospitalizados, mas acabaram falecendo em decorrência da gravidade do seu estado.
Em 27 de junho, o patologista Johansen Oduor declarou que, dos 338 corpos examinados até então, 117 eram de crianças e adolescentes e 201 eram de adultos, enquanto o estado de decomposição de outros 20 era tão avançado que não era possível determinar a sua idade.
As autópsias também apontaram que todos os corpos apresentavam sinais de inanição, mas alguns, em especial os das crianças, apresentavam também vestígios de estrangulamento e asfixia. De acordo com investigações preliminares, são indícios de que os membros da seita eram forçados a continuar jejuando quando tentavam desistir.
A polícia do Quênia prendeu até agora pelo menos 37 suspeitos de envolvimento no caso. O ministro do Interior, Kithure Kindiki, questionou a negligência das forças de segurança e da justiça do país, já que houve denúncias anteriores contra a seita e não foram tomadas medidas oportunas.
O líder da seita é o pastor Paul Mackenzie, da Good News International Church. Ele está preso desde 14 de abril. Segundo a polícia, Mackenzie plantou hortaliças e outras verduras sobre as valas comuns, o que dificulta a procura pelos corpos.