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Santa Ana, São Joaquim e a Porta Dourada de Jerusalém

São Joaquim e Santa Ana

São Joaquim e Santa Ana, Encontro na Porta Dourada, afresco de Taddeo Gaddi (1295-1366), chapelle Bandini Baroncelli, na basílica da Santa Cruz de Florença

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Daniel R. Esparza - publicado em 18/08/23
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A cena apresenta Joaquim e Ana como descendentes de Abraão e Sara, traçando uma linha ininterrupta que vai do primeiro patriarca até José e Maria

Como a tradição cristã reconhece São Joaquim e Santa Ana como os pais da Santíssima Virgem Maria, o encontro deles na Porta Dourada de Jerusalém é considerado um momento importante na história da salvação. Esse encontro de Joaquim e Ana não é mencionado em nenhum dos Evangelhos canônicos, mas podemos encontrá-lo em textos apócrifos, particularmente no Protoevangelho de Tiago, mas também na Lenda Dourada do beato Tiago (Iacobus) de Voragine e em outros relatos populares. A narrativa, bem conhecida desde os primórdios do cristianismo, tornou-se parte da tradição cristã - a ponto de ser tema de muitas obras de arte importantes de alguns dos maiores artistas cristãos, incluindo Giotto e Dürer.

Segundo a narrativa apócrifa, Joaquim e Ana eram um casal piedoso que ansiava por um filho. Como costuma acontecer com grandes figuras bíblicas, muitos anos transcorreram sem que eles tivessem descendência – o que era considerado um sinal de desfavor divino e, por conseguinte, acarretava julgamentos e críticas da sociedade. Joaquim retirou-se então para as montanhas (alguns relatos falam em deserto) para jejuar e orar, buscando o favor de Deus. Da mesma forma, Ana orava fervorosamente em seu jardim.

Conta-se que, durante momentos individuais de devoção, cada um deles foi visitado separadamente por uma presença angelical que lhes informou do nascimento iminente de uma criança que seria abençoada e escolhida por Deus. Esta revelação divina encheu seus corações de gratidão e eles correram para contar um ao outro o que haviam acabado de ouvir. Seu encontro teria acontecido na Porta Dourada de Jerusalém.

A Porta Dourada, também conhecida como Portão Oriental ou Portão da Misericórdia, é uma importante via de acesso nas antigas muralhas que cercam a Cidade Velha de Jerusalém. Sua relevância religiosa e histórica é reconhecida por todas as tradições abraâmicas. No judaísmo, esse portão está associado à crença de que o Messias entrará por ele em Jerusalém durante a era messiânica.

É justo que se dê aqui a entrada de Maria na história da salvação.

A Porta Dourada serve, portanto, como pano de fundo messiânico para o encontro de Ana e Joaquim, um momento de convergência divina e cumprimento da promessa de Deus. A tradição entende esta cena como uma representação da Imaculada Conceição de Maria, quando ela é concebida no ventre de Ana, e como um paralelo à Anunciação, quando ocorre a Encarnação de Jesus.

De fato, o Arcanjo Gabriel, sempre representado nas imagens da Anunciação, também chegou a ser retratado em representações visuais desse encontro.

Em alguns relatos, Joaquim e Ana se beijam junto à Porta Dourada. Para alguns leitores e comentaristas medievais, o beijo era uma representação literal do momento da concepção de Maria, enquanto para outros era uma representação simbólica. Em outros relatos, Joaquim e Ana se abraçam. De qualquer forma, a maioria deles entende Joaquim e Ana como figurativamente relacionados a Abraão e Sara – em uma linha ininterrupta que vai do primeiro patriarca até José e Maria.

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